Sudão: Paramilitares dizem ter tomado palácio presidencial

Ao menos três mortes já foram registradas em decorrência de confrontos no país.

Fumaça saindo de prédio em Cartum, capital do Sudão Foto: EFE/EPA/MOHND AWAD

O grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR) afirmou, neste sábado (15), que controla o Palácio Presidencial do Sudão, onde reside o presidente do Conselho Soberano e líder militar, Abdel Fattah al Burhan, embora o seu destino seja desconhecido.

As unidades, chefiadas pelo vice-presidente do Conselho Soberano e número dois do Exército, Mohamed Hamdan Dagalo, vulgo “Hemedti”, indicaram que a ação é uma resposta ao “ataque lançado esta manhã pelas Forças Armadas” aos campos de Soba, no sul de Cartum.

Segundo um comunicado das FAR, o grupo controla o palácio presidencial e a casa de hóspedes, bem como os aeroportos de Cartum, o maior do país; o de Marawi, no norte do Sudão e na fronteira com o Egito, e o de Al Obeid, no sul do país.

– O que o Comando das Forças Armadas e vários oficiais fizeram representa uma clara violação contra as nossas forças, que se comprometeram com a paz e exerceram a contenção – disseram as FAR no comunicado, no qual também tentaram acalmar os cidadãos do Sudão, garantindo que “estão a salvo e que a situação está sob controle”.

Por sua vez, o Exército sudanês negou que as FAR controlem o palácio presidencial e garantiu que já existem desertores nas fileiras das unidades rivais.

– As Forças de Apoio Rápido espalham notícias falsas de fora do Sudão e reivindicam o controle do Comando Geral e do Palácio da República – disseram as Forças Armadas sudanesas em comunicado.

Além disso, ressaltaram que “enquanto alguns dos seus soldados e oficiais que já não estão militarmente qualificados na ausência total do seu comando supremo e superiores fogem e deixam as armas nas ruas, outros entram nos bairros residenciais para se refugiarem entre os cidadãos”.

Da mesma forma, em outra nota, as Forças Armadas sudanesas afirmaram que estão enfrentando “a agressão brutal” das FAR e que vão proteger o país de “sua traição”.

Essa mobilização ocorre em meio às negociações para chegar a um acordo político definitivo cujo objetivo é encerrar o regime militar instituído em 2021 no país. A assinatura do pacto foi adiada duas vezes neste mês de abril justamente por conta das tensões entre o Exército e as FAR.

As FAR surgiram das milícias Yanyawid, acusadas de cometer crimes contra a humanidade durante o conflito de Darfur (2003-2008).

TRÊS MORTES REGISTRADAS
Em meio ao conflito, pelo menos três civis morreram e dezenas ficaram feridos, segundo informou o Sindicato dos Médicos do Sudão. Em um relatório preliminar, o sindicato apurou que pelo menos dois cidadãos foram assassinados no aeroporto de Cartum, o maior do Sudão, e outro morreu baleado em Al Obeid, no sul do país.

O sindicato indicou ainda que um oficial das Forças Armadas ficou ferido na cidade de Omdurman, vizinha de Cartum, e três civis foram baleados no pescoço e na perna no sul da capital e a leste do Nilo. Essas são as primeiras vítimas desde o início dos confrontos entre as FAR e o Exército.

*EFE

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