Ex-embaixador dos EUA: ‘Se quer substituir o dólar, boa sorte’

O diplomata mostra preocupação com a proximidade entre o Brasil e a China.

Lula Foto: Ricardo Stuckert/PR

Para o ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve tomar cuidado com suas escolhas para a política internacional, como ficar neutro no conflito entre Rússia e Ucrânia e sobre sua relação de proximidade com a China.

O diplomata foi entrevistado pelo O Globo sobre a fala do presidente brasileiro sobre não usar o dólar como moeda para transações internacionais. Ao falar sobre o assunto, Shannon explicou que não foi o seu país quem determinou que o dólar tem que ser usado, mas sim o mercado que reconhece o “poder da economia americana”.

– O dólar não é uma moeda global porque os EUA o impuseram, é uma moeda global pelo poder da economia americana, e pelo papel da economia americana no sistema financeiro e na ordem econômica global. Se o Brasil, a China ou o Brics querem substituir o dólar, ok, vão em frente. Que moeda vão usar? A moeda chinesa, a brasileira? Ok, boa sorte com isso – declarou.

Para o ex-diplomata, a relação do Brasil com a China não pode ser de subserviência, mesmo que o país asiático seja o maior comprador do país.

– O Brasil deve se apresentar como um país que define seus interesses, que articula esses interesses, e não parecer subserviente com ninguém. Hoje, vejo o Brasil repetindo a narrativa da China, sem necessariamente obter algo importante para os interesses do Brasil – avaliou.

Shannon também se mostrou preocupado com a proximidade entre o Brasil e a gigante chinesa de tecnologia Huawei, investigada nos Estados Unidos por espionagem.

Por lá, eles acreditam que os equipamentos da Huawei usam estruturas de redes de comunicação para ter acesso a informações, que podem ser repassadas para o governo da China.

Por: Leiliane Lopes

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