Receita investiga 2º pacote de joias destinadas a Bolsonaro.

Ex-presidente já se defendeu das acusações.

Jair Bolsonaro Foto: EFE/EPA/CRISTOBAL HERRERA-ULASHKEVICH

A Receita Federal informou, nesta segunda-feira (6), que vai investigar a entrada de um segundo pacote de joias trazidos pelo governo Jair Bolsonaro ao país, como presente do regime da Arábia Saudita. A existência deste segundo pacote de joias foi revelada pelo ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, que participava da comitiva brasileira naquela viagem.

Em entrevista, o ex-ministro Bento Albuquerque relatou o que ocorreu. Segundo o almirante, ele e sua comitiva estavam deixando a Arábia Saudita, quando um representante do governo saudita os encontrou no hotel e entregou dois pacotes.

– Esses pacotes foram distribuídos nas malas. Uma ficou com o Marco Soeiro, a outra eu não sei com qual membro da comitiva – disse, afirmando que não tinha conhecimento do conteúdo das caixas.

O conjunto de brilhantes avaliado em R$ 16,5 milhões e que, como confirmou Albuquerque, era destinado à primeira-dama Michelle Bolsonaro, ficou retido na alfândega. Um segundo pacote com joias mais simples, incluindo relógio e caneta, porém, passou pela alfândega dentro da bagagem de outro viajante, que ele disse não saber qual. De São Paulo, a comitiva pegou um voo para Brasília e trouxe o segundo estojo.

– Quando nós chegamos em Brasília, nós abrimos o outro pacote, que tinha relógio… era uma caixa de relógio… não sei se tinham mais algumas coisas, e era um presente. Então, o que nós fizemos? Nós pegamos, fizemos um documento, encaminhamos para a Receita Federal ou para o Serviço de Patrimônio da União… não sei, quem fez isso foi o gabinete (do MME). E foi isso – afirmou.

A Receita vai averiguar quem transportou o pacote e que medidas serão tomadas.

– Matérias jornalísticas mencionam a existência de um outro pacote de joias que teria ingressado no país, o que somente seria possível se trazido por outro viajante, diferente daquele alvo da fiscalização aduaneira. O fato pode configurar em tese violação da legislação aduaneira também pelo outro viajante, por falta de declaração e recolhimento dos tributos – declarou o órgão federal.

Diante dos fatos, a Receita Federal informou que tomará as providências cabíveis “para esclarecimento e cumprimento da legislação aduaneira, sem prejuízo de análise e esclarecimento a respeito da destinação do bem”.

BOLSONARO
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) falou, neste sábado (4), sobre o assunto. À CNN Brasil, o ex-chefe do Executivo negou que tenha cometido qualquer ilegalidade e disse que está sendo acusado por algo que sequer pediu.

– Estou sendo acusado de [receber] um presente que eu não pedi, nem recebi. Não existe qualquer ilegalidade da minha parte. Nunca pratiquei ilegalidade. Veja o meu cartão corporativo pessoal. Nunca saquei, nem paguei nenhum centavo nesse cartão – disse o ex-presidente à CNN.

*AE

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