Do Val diz que Moraes o orientou para conversa com Bolsonaro.

Senador afirmou que foi incentivado pelo

ministro para ir à conversa com o ex-

presidente.

Ministro Alexandre de Moraes, do STF Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE

A versão do senador Marcos do Val (Podemos-ES) sobre o suposto plano golpista encabeçado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro envolve o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O senador capixaba afirma que consultou Moraes previamente sobre se deveria conversar com Bolsonaro e disse ter sido incentivado pelo ministro.

– “Vai porque informações são importantes”. E assim eu fui – relatou em entrevista coletiva nesta quinta-feira (2).

Como o ministro é o relator do inquérito que investiga os protestos do dia 8 de janeiro, se comprovada, a conversa poderia indicar que Moraes orientou a busca de provas contra o presidente e reforçar a tese dos aliados de Bolsonaro de que o ministro o persegue.

Assim como ocorreu na Lava Jato, isso poderia dar margem para a nulidade do processo.

O senador não apresentou nenhuma prova de sua declaração. A assessoria do Supremo disse que o ministro não iria comentar o assunto.

Em conversas reservadas, Moraes afirmou que não teria sentido ele orientar um aliado do ex-presidente a falar com Bolsonaro

A versão de Moraes dada à interlocutores é que ele recebeu o Marcos do Val no Salão Branco do Supremo, uma área reservada aos ministros atrás do plenário, e que ouviu um relato de um plano para grampeá-lo. O pedido para que o senador gravasse o ministro ilegalmente teria partido do ex-deputado Daniel Silveira.

– Na quinta-feira, antes de ir à reunião com ele [Bolsonaro], eu fui ao STF, conversei com ministro Alexandre de Moraes, porque o processo todo referente ao Daniel [Silveira] é com ele, e perguntei: “Ministro, o senhor acha que eu devo ir ou não devo ir?”. Aí o ministro disse: “Vai porque informações são importantes”. E assim eu fui – relatou do Val.

Depois do efetivo encontro com Bolsonaro e Silveira, o senador escreveu ao ministro novamente por WhatsApp e agendou um segundo encontro pessoal, na tarde de 13 de dezembro, no STF. O objetivo era, segundo Do Val, relatar toda a conversa a Moraes sobre o plano bolsonarista.

– Ele ficou impressionado – contou.

O senador também confirmou que ele e Moraes se conhecem de longa data, da época em que prestou treinamentos a policiais em São Paulo. O ministro do STF era então secretário de Segurança Pública no governo Geraldo Alckmin (2015-2016). Segundo o parlamentar, eles não têm intimidade, mas sempre mantiveram contato por causa do vínculo profissional.

Para o senador, o acesso ao ministro teria sido o motivo de Bolsonaro e Silveira lhe procurarem com a proposta.

Questionado pelo Estadão se estava afirmando que o ministro lhe dera orientações e eximindo Bolsonaro, Do Val negou/ Ele também disse que tem experiência na área de inteligência e que acreditava que poderia ter sido gravado por Silveira ou pelo Gabinete de Segurança Institucional de Bolsonaro.

– Só fiz o que tinha que fazer como senador da República. Essa foi a melhor atitude, a mais segura – apontou.

*AE

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