Boate Kiss: Vigília emocionante lembra os 10 anos da tragédia.
Intenção é não deixar tragédia ser esquecida ou
silenciada.
Familiares e amigos de vítimas do incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria (RS), fizeram uma vigília em frente à casa noturna na madrugada desta sexta-feira (27). A caminhada começou na Praça Saldanha Marinho e seguiu em silêncio até a boate, a uma quadra de distância. Foi apresentada uma coreografia de dança retratando os eventos da tragédia e uma colagem de mensagens e imagens na fachada da Kiss. A tragédia deixou 242 jovens mortos e mais de 600 feridos. O caso completa dez anos nesta sexta.
– É muito importante ver tanta gente compartilhando desse momento, estando junto, caminhando junto, trilhando junto e registrando a história junto. E tendo a coragem de enfrentar o que a gente tem enfrentado de lembranças, de memórias. Sabemos que juntos a gente consegue muito mais – disse Gabriel Rovadoschi, presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria.
Para quem perdeu alguém naquele 27 de janeiro de 2013, essa história não pode ser esquecida nem silenciada. Parte da programação para resgatar a memória contou com uma exposição de fotos dos jovens que morreram na tragédia com a simulação de como estariam hoje. Umas das homenageadas é a Andrielle, filha de Ligiane Righi.
– Eu sinto que a gente tem que falar e eu prometi para a minha filha que eu não ia deixar cair no esquecimento o que aconteceu com ela e com as amigas, então todo esse movimento que está aqui é uma ajuda para não deixar cair no esquecimento. Tem que ser lembrado, tem que ser falado. As pessoas esquecem muito rápido, tem que ter memória. Os jovens têm o direito de sair e se divertir e voltar com segurança para casa, porque a preocupação com minha filha era na rua, o ir e vir. Para mim ela estava segura ali dentro [da Boate Kiss] – disse Ligiane.
Após dez anos, o caso continua sem que ninguém tenha sido responsabilizado. O júri que havia condenado quatro pessoas em 2021 foi anulado por questões processuais. Ainda não há data para novo julgamento.
– É uma vergonha do judiciário. Pegar firulas, detalhes processuais que não prejudicaram em nada o julgamento – disse Paulo Carvalho, 72 anos, pai de Rafael Carvalho, outra das vítimas no incêndio na boate.
Outras ações continuam nesta sexta para relembrar uma das piores tragédias da história do Brasil, com culto ecumênico e diversos eventos, entre debates e lançamentos de livro e de campanha. As homenagens e atividades vão até o dia 28.
*Agência Brasil
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