Boate Kiss: Vigília emocionante lembra os 10 anos da tragédia.

Intenção é não deixar tragédia ser esquecida ou

silenciada.

Pais e amigos fazem vigília para lembrar os 10 anos da boate Kiss Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Familiares e amigos de vítimas do incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria (RS), fizeram uma vigília em frente à casa noturna na madrugada desta sexta-feira (27). A caminhada começou na Praça Saldanha Marinho e seguiu em silêncio até a boate, a uma quadra de distância. Foi apresentada uma coreografia de dança retratando os eventos da tragédia e uma colagem de mensagens e imagens na fachada da Kiss. A tragédia deixou 242 jovens mortos e mais de 600 feridos. O caso completa dez anos nesta sexta.

– É muito importante ver tanta gente compartilhando desse momento, estando junto, caminhando junto, trilhando junto e registrando a história junto. E tendo a coragem de enfrentar o que a gente tem enfrentado de lembranças, de memórias. Sabemos que juntos a gente consegue muito mais – disse Gabriel Rovadoschi, presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria.

Para quem perdeu alguém naquele 27 de janeiro de 2013, essa história não pode ser esquecida nem silenciada. Parte da programação para resgatar a memória contou com uma exposição de fotos dos jovens que morreram na tragédia com a simulação de como estariam hoje. Umas das homenageadas é a Andrielle, filha de Ligiane Righi.

– Eu sinto que a gente tem que falar e eu prometi para a minha filha que eu não ia deixar cair no esquecimento o que aconteceu com ela e com as amigas, então todo esse movimento que está aqui é uma ajuda para não deixar cair no esquecimento. Tem que ser lembrado, tem que ser falado. As pessoas esquecem muito rápido, tem que ter memória. Os jovens têm o direito de sair e se divertir e voltar com segurança para casa, porque a preocupação com minha filha era na rua, o ir e vir. Para mim ela estava segura ali dentro [da Boate Kiss] – disse Ligiane.

Após dez anos, o caso continua sem que ninguém tenha sido responsabilizado. O júri que havia condenado quatro pessoas em 2021 foi anulado por questões processuais. Ainda não há data para novo julgamento.

– É uma vergonha do judiciário. Pegar firulas, detalhes processuais que não prejudicaram em nada o julgamento – disse Paulo Carvalho, 72 anos, pai de Rafael Carvalho, outra das vítimas no incêndio na boate.

O pai de uma das vítimas, Paulo Carvalho, criticou a anulação do julgamento dos responsáveis pela tragédia da Boate Kiss Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Outras ações continuam nesta sexta para relembrar uma das piores tragédias da história do Brasil, com culto ecumênico e diversos eventos, entre debates e lançamentos de livro e de campanha. As homenagens e atividades vão até o dia 28.

*Agência Brasil

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