Nicarágua proíbe cristãos de celebrar o Dia da Bíblia nas ruas.

Tanto católicos quanto evangélicos foram

impedidos pelo regime de Ortega.

Daniel Ortega, presidente da Nicarágua Foto: EFE/Jorge Torres

A Polícia Nacional da Nicarágua proibiu duas procissões católicas e a comemoração do 453º aniversário da tradução da Bíblia para o espanhol em algumas partes do país.

No caso da Igreja Católica, as paróquias dedicadas a São Miguel Arcanjo, em Manágua, e São Francisco de Assis, em Camoapa, informaram que não poderão celebrar as procissões, devido a uma proibição por parte das autoridades.

– Recebemos uma notificação das autoridades policiais de que não é permitido realizar nenhuma atividade fora da paróquia – explicou a paróquia de São Miguel Arcanjo, em Manágua, em sua conta no Facebook, um meio de comunicação usado pela Igreja Católica na Nicarágua após o fechamento de pelo menos nove emissoras de rádio e três emissoras de televisão, e o bloqueio da emissão do Canal Católico.

Estava prevista a igreja realizar na última sexta-feira (23) uma procissão.

– Foi suspensa e tudo será realizado no interior da igreja paroquial – informou a paróquia.

O Conselho Paroquial do templo de São Francisco de Assis, em Camoapa, uma cidade central localizada a 113 quilômetros de Manágua, comunicou à imprensa local uma situação semelhante à ocorrida na capital do país.

Enquanto isso, o Conselho Nacional de Pastores Evangélicos da cidade de Nagarote (Pacífico) advertiu sobre a proibição da celebração dedicada à tradução da Bíblia.

Pastores emitiram um comunicado no qual afirmavam que “por ordem das autoridades civis, o 453º aniversário da tradução da Bíblia para o espanhol não será celebrado, eles afirmam que o motivo é a segurança dos participantes”.

Os evangélicos celebram nas ruas sempre no último domingo do mês de setembro.

– Convidamos cada um de vocês a realizar suas celebrações em seus templos, elevar orações a Deus para que possamos viver tranquila e pacificamente – destacou o Conselho Nacional de Pastores Evangélicos de Nagarote.

Tanto os líderes religiosos católicos quanto os evangélicos decidiram acatar as proibições oficiais e recomendaram aos seus fiéis que realizassem suas atividades dentro de seus templos.

As proibições religiosas acontecem em meio ao mais recente capítulo de uma história de confrontos entre Ortega e a Igreja Católica que remonta há 43 anos e que até agora não havia tocado a fé evangélica.

Segundo dados oficiais, o catolicismo é a religião mais seguida na Nicarágua, com 58,8% de seus 6,6 milhões de habitantes, seguido pelos evangélicos, com 38% da população, embora afirmem que essa proporção tem crescido nos últimos anos.

*EFE

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