Papa Francisco pede que Kim Jong-un o convide para visitar Coreia do Norte
“Vou lá assim que eles me convidarem. Estou dizendo que eles deveriam me convidar. Não vou recusar”, afirmou
“Vou lá assim que eles me convidarem. Estou dizendo que eles deveriam me convidar. Não vou recusar”, afirmou. “O objetivo nada mais é que a fraternidade.”
Uma possível ida de Francisco a Pyongyang marcaria a primeira viagem de um papa à Coreia do Norte, que não permite que padres fiquem permanentemente alocados no país. Devido às restrições, pouco é conhecido sobre a quantidade de cidadãos católicos ou como eles praticam sua fé.
A possibilidade de uma visita do líder religioso à Coreia do Norte já havia sido estudada em 2018, quando o então presidente sul-coreano, Moon Jae-in, que é católico, estabeleceu contatos com o líder norte-coreano Kim Jong-un. Na ocasião, ele afirmou que a ida de Francisco ao país vizinho ajudaria a construir a paz na península coreana.
Segundo Moon, o ditador norte-coreano teria dito durante uma cúpula que Francisco seria recebido com entusiasmo em seu país.
Na época, autoridades do Vaticano disseram que o papa, que fez muitos apelos pela reaproximação entre as duas Coreias, poderia considerar a viagem sob certas condições e se recebesse um convite oficial. No entanto, os contatos entre Pyongyang e Seul foram interrompidos após o fracasso da segunda reunião entre Kim e o então presidente americano Donald Trump, em fevereiro de 2019.
Em 2021, Moon se encontrou novamente com Francisco e o presenteou como uma cruz feita de arame farpado da zona desmilitarizada que divide os dois lados. Na ocasião, ele pediu novamente que o pontífice visitasse o país do Norte.
A manifestação de interesse em visitar a Coreia do Norte é mais um sinal do trânsito que o líder católico vem construindo na diplomacia internacional. Francisco já vinha testando um certo “soft power” do Vaticano ao se envolver em temas geopolíticos, especialmente com a Guerra da Ucrânia.
Recentemente, o papa alertou para o risco de desastre nuclear na usina de Zaporíjia, que vem ganhando centralidade na atual fase do conflito entre Moscou e Kiev. Na ocasião ele chamou as guerras de loucura e mencionou a morte de Daria Dugina, filha do ideólogo ultranacionalista Aleksandr Dugin, referindo-se a ela como um dos muitos “inocentes que pagam pela guerra”.
O comentário desagradou o governo ucraniano, que expressou descontentamento e disse que o pontífice iguala “agressor e vítima”.
Nesta sexta-feira (26), o Ministério das Relações Exteriores do país convocou o núncio apostólico do Vaticano na Ucrânia, monsenhor Visvaldas Kulbokas, para expressar sua decepção pela declaração do papa.
De acordo com a agência italiana de notícias Ansa, um comunicado divulgado pela embaixada de Kiev na Santa Sé diz que a Ucrânia está profundamente decepcionada com as palavras do papa.
“No dia 25 de agosto, o núncio do Vaticano na Ucrânia, Visvaldas Kulbokas, foi convidado a ir ao Ministério das Relações Exteriores a respeito das palavras do papa Francisco, proferidas durante a audiência geral de 24 de agosto, Dia da Independência da Ucrânia e dia que coincide com seis meses desde a invasão armada em larga escala da Rússia”, diz.
Ainda segundo a nota oficial, o chanceler ucraniano chamou a atenção de Kulbokas para o fato de que, desde o início da invasão, o pontífice nunca prestou atenção especial aos ucranianos e crianças vítimas da guerra.
“O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia expressou a esperança de que no futuro a Santa Sé evite declarações injustas que causem decepção na sociedade ucraniana”, conclui o comunicado.