Francês acusado de injúria racial contra porteiro no RJ vira réu
Ele é acusado de injúria racial, ameaça e agressão contra Reginaldo Lima, porteiro do prédio onde mora, em Copacabana, na zona sul da capital.
RUBEN BERTA
RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – O juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Rio, aceitou nesta sexta (15) a denúncia do Ministério Público e tornou réu o médico francês Gilles David Teboul. Ele é acusado de injúria racial, ameaça e agressão contra Reginaldo Lima, porteiro do prédio onde mora, em Copacabana, na zona sul da capital.
Segundo o porteiro, Teboul teria dito, no dia 26 de junho, que ele era “um negro, macaco”, após o morador chegar na portaria e verificar que uma das portas dos elevadores estava aberta – o que impedia o acionamento do equipamento em outros andares.
Além de receber a denúncia, o magistrado negou pedido da defesa para que o processo tramitasse em segredo de Justiça. Itabaiana não concordou com as alegações dos advogados do francês de que a divulgação do caso teria colocado a sua integridade física em risco.
Na mesma decisão, o juiz também negou autorização para que o réu viajasse para a França no dia 24. O médico havia alegado que teria de fazer tratamento de saúde e resolver assuntos pessoais.
O magistrado considerou “bastante estranho” que o réu só tivesse comprado uma passagem de ida, alegando que pretendia retornar ao Brasil. Foi enviado um ofício à Polícia Federal comunicando que o médico está impedido de deixar o país.
A denúncia do MP afirma que, além da injúria racial, o francês “segurou e apertou o pescoço do porteiro, além de desferir na vítima um tapa no rosto e socos pelo corpo”.
“Por fim, depois de o porteiro se desvencilhar de seu algoz, Teboul disse ‘se você for à delegacia fazer registro contra mim, eu te mato’, fugindo do local após prometer atentar contra a vida da vítima”.
Ao UOL, Reginaldo Lima, de 51 anos, afirmou que apenas pediu respeito e foi agredido:
“Meu pedido por respeito foi uma ofensa para ele. Me agrediu, foi para a rua e voltou ainda mais revoltado”.
No depoimento que prestou na delegacia de Copacabana, no dia 7 de julho, o francês disse que “não xingou o porteiro e inclusive possui amigos negros”.