Argentina reconhece “escassez específica” de produtos.

No entanto, governo nega que haja uma

enorme necessidade de mercadorias.

Argentina reconhece “escassez específica” de produtos Foto: Pixabay

Nesta quinta-feira (14), o governo da Argentina negou que haja uma enorme escassez de produtos. No entanto, as autoridades reconheceram uma “escassez ocasional” de mercadorias em algumas lojas ou supermercados, em meio à incerteza sobre a renúncia do ex-ministro da Economia Martín Guzmán no início de julho e a volatilidade dos mercados cambiais paralelos.

– O governo está garantindo que não falte nenhum produto essencial. Pode haver faltas pontuais em alguma prateleira ou supermercado, mas não há carências massivas em lado nenhum ou qualquer situação que nos leve a pensar em uma escassez – disse a porta-voz da Presidência, Gabriela Cerruti.

Ela deu declarações durante entrevista coletiva em Buenos Aires. Cerruti afirmou ainda que o governo está “conversando permanentemente” com supermercados e empresas alimentares “para que isso não aconteça”, criticando as “manobras especulativas” de alguns comerciantes ou empresários nas últimas semanas.

– Há manobras especulativas de alguns que estão retendo esses produtos para poder vendê-los a um preço mais alto no futuro e é isso que estamos denunciando. Neste momento de crise mundial, juntar-se ao exército de especuladores ou pessoas gananciosas é algo que estão fazendo contra cada um dos homens e mulheres argentinos, não tem nada a ver com o fato de se darem bem ou mal com o governo – afirmou a porta-voz.

A renúncia de Martín Guzmán, motivada, entre outros fatores, pelas fortes divisões na coalizão governamental, provocou uma reação adversa nos mercados financeiros, que sua substituta, Silvina Batakis, ainda não conseguiu reverter.

Desde o início do mês, o prêmio de risco da Argentina subiu 15,8%, para 2.748 pontos base, seu nível mais alto desde maio de 2020, paralelamente aos aumentos dos preços de todos os dólares paralelos, como o dólar informal ou “dólar azul”, que subiu 18,4% em apenas duas semanas.

A instabilidade em torno do valor da moeda americana, somada às restrições de acesso ao dólar para pagar as importações no mercado cambial oficial, aumentaram os temores de desabastecimento de alguns produtos, o que em alguns casos se traduziu em um aumento súbito dos preços.

CONFIANÇA DO MERCADO
Durante o seu discurso, a porta-voz presidencial reiterou que “o dólar azul não representa as expectativas da economia”. Ela acrescentou que a “resposta real” do mercado foi vista na quarta (13), com a colocação de 122.607 milhões de pesos (957,7 milhões de dólares) em letras e títulos do Tesouro para fazer frente aos próximos vencimentos da dívida em pesos.

*EFE

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