PSOL descarta Marina vice de Haddad e vê aliança com PT em SP abalada
O estopim da tensão foi a declaração à coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo, de Luiz Marinho, presidente do diretório estadual do PT, de que o vice de Haddad na pré-candidatura ao Governo de São Paulo não pode ser do PSOL, pois restringiria o alcance da chapa que precisa acenar ao centro.
FÁBIO ZANINI (FOLHAPRESS) – Azedou o clima entre PT e PSOL em São Paulo. Incomodados com o que veem como falta de respeito e “plantação” de nomes para a vice de Fernando Haddad por parte do PT de São Paulo, dirigentes do PSOL dizem que, caso a relação com a sigla não melhore, o apoio ao ex-prefeito pode se inviabilizar.
O estopim da tensão foi a declaração à coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo, de Luiz Marinho, presidente do diretório estadual do PT, de que o vice de Haddad na pré-candidatura ao Governo de São Paulo não pode ser do PSOL, pois restringiria o alcance da chapa que precisa acenar ao centro.
“Esse eleitor pensa: ‘já estou engolindo o PT e agora vem o PSOL junto?’ Precisa achar alguém deglutível para o eleitor”, afirmou Marinho. A posição de Marinho não é isolada e é repetida por outras lideranças petistas em caráter reservado.
A especulação em torno de Marina Silva (Rede) como vice de Haddad também irritou o PSOL.
Os líderes da legenda dizem que não há chance de que Marina seja vice de Haddad, pois a indicação seria barrada pela federação partidária. PSOL e Rede formaram uma federação e o primeiro, por ser majoritário, concentra mais poder de decisão.
Membros da Rede próximos a Marina dizem que a própria ex-ministra não tem demonstrado interesse na posição e que tende à candidatura a deputada federal. No PT de SP, o nome também não gera empolgação -figuras como Jonas Donizette (PSB), ex-prefeito de Campinas, e Rodrigo Agostinho (PSB), ex-prefeito de Bauru, têm sido colocados como possibilidades.
A animação em torno de Marina, portanto, está concentrada em Haddad e seu núcleo mais próximo. No sábado (11), ela estará presente em ato da Rede de apoio ao ex-ministro da Educação, diferente do evento com Lula, do qual se ausentou.
A ‘plantação’ de nomes, dizem os psolistas, tem gerado fissuras internas no PSOL, o que favorece o grupo que não quer compor com Haddad e defende uma candidatura própria do partido. A porção majoritária segue defendendo a união em torno do petista, mas percebe incômodo crescente entre seus próprios membros.
Os psolistas dizem que não podem ser tratados como se estivessem recebendo um favor por compor a chapa de Haddad e que têm direito a uma posição de destaque, pois abriram mão da candidatura de Guilherme Boulos ao Governo de SP para favorecer Haddad. O líder do MTST tentará uma vaga de deputado federal.
As posições de protagonismo atualmente à disposição na chapa são a vice e o Senado, e o nome que o PSOL tem colocado como preferencial para um dos dois postos é o de Juliano Medeiros, seu presidente.
Os petistas de SP dizem que, ainda que a vaga no Legislativo fique com o PSOL, seria melhor que uma mulher negra fosse escolhida, ainda que ressaltem as qualidades de Medeiros como dirigente partidário.
Os psolistas enfatizam que a tensão não tem repercussão na aliança nacional em torno de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que será mantida independentemente do desfecho em São Paulo.
Para estancar a crise, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, precisou entrar em campo. “Entendo que a gente tem espaço para o PSOL, é importante estarmos juntos”, afirmou à reportagem.