Diretora-geral da Aneel suspende benefício a térmica da J&F

Em decisão monocrática, Bonfim suspendeu a cautelar que vinha permitindo, desde 18 de maio, que uma térmica antiga da Âmbar, a Mário Covas (em Cuiabá), fornecesse energia no lugar de quatro novos projetos atrasados.

Diretora-geral da Aneel suspende benefício a térmica da J&F

FOLHAPRESS) – A diretora-geral interina da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Camila Bomfim, suspendeu nesta quinta-feira (2) benefício concedido a térmicas da Âmbar Energia, do grupo J&F (que também controla a JBS, empresa global do setor de carnes).

Em decisão monocrática, Bonfim suspendeu a cautelar que vinha permitindo, desde 18 de maio, que uma térmica antiga da Âmbar, a Mário Covas (em Cuiabá), fornecesse energia no lugar de quatro novos projetos atrasados.

A cautelar também havia suspendido a multa de R$ 209 milhões, prevista pelo atraso, e liberava pagamentos à empresa. Pelas estimativas do mercado, se o benefício durasse até 1º de agosto, prazo limite para entrega dos projetos, seria pago quase R$ 1 bilhão pela energia da térmica de Cuiabá, valor debitado na conta de luz de todos os brasileiros.

A suspensão definida pela diretora-geral inverte o fluxo de recursos. A Âmbar volta a pagar a multa e não pode receber o pagamento.

A medida de Bonfim atendeu a pedido de entidades de defesa do consumidor. Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres), Anace (Associação Nacional dos Consumidores de Energia) e Pólis (Instituto de Estudos de Formação e Assessoria em Políticas Sociais), questionaram o benefício na segunda-feira (30) e pediram a sua suspensão.

Todas reforçaram os mesmos argumentos: que o fornecimento de energia pela térmica de Cuiabá fere o contrato firmado com a empresa e as regras do leilão, onerando a conta de luz desnecessariamente, uma vez que os reservatórios de hidrelétricas estão cheios.

A discussão sobre a cautelar está pautada para a reunião da próxima terça-feira (7). Ainda não é possível antecipar o desfecho.

Um detalhe que chama a atenção dos executivos que acompanham a discussão é o histórico da Térmica Mário Covas. Os comentários são que ela parece dar azar.

Era um projeto da Enron, empresa que se pulverizou no início da década de 2000. Foi inaugurada em 2001 e, desde então, enfrentou diferentes problemas para operar. Comprada em 2015 pelo braço de energia da J&F, enfrentou problema de fornecimento de gás com a Petrobras.

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