Dia do enfermeiro: profissionais contam desafios na pior fase da Covid.
Após dois anos de pandemia, enfermeiros
dividem aprendizados e lições adquiridas no
enfrentamento ao coronavírus.
A pandemia de Covid-19 afetou o mundo inteiro e trouxe uma gama de mudanças na rotina do brasileiro: impossibilidade de circular, alteração na forma de trabalhar, aprender e ensinar, imposições totalmente novas como o uso de máscara e o distanciamento social. Depois de dois anos no enfretamento ao vírus, “ninguém saiu ileso”.
No entanto, a parte mais difícil da luta ficou a cargo de médicos, enfermeiros e outros trabalhadores da área. No Dia do Enfermeiro, neste 12 de maio, profissionais que trabalham no Hospital MedSênior contam lições e aprendizados que adquiriram no combate ao coronavírus.
Quando a dor profissional se mistura com a pessoal
Trabalhando na unidade de terapia intensiva (UTI) para pessoas idosas, já seria um desafio lidar com dificuldades, tristeza e desafios do cotidiano e, em alguns casos, da despedida da vida. No entanto, a situação ficou ainda mais dramática para a enfermeira Rachel Eça de Souza, 33 anos, que viu a dor de perder um paciente se misturar com a dor pessoal.
“Ela já tinha ficado internada durante a doença e a família era muito atenciosa e criamos laços muito fortes. Infelizmente, ela veio a óbito”, lembra. A enfermeira acompanhou a equipe que foi dar a notícia à família e, quando entrou na sala, se deparou com uma amiga, neta da paciente.
“Me vi no lugar dela. Moro com meus pais e minha avó, que morava com a gente. Ela faleceu com o mesmo problema dessa paciente. Então, de repente, vi minha amiga perdendo a avó, sabendo exatamente o que ela estava sentindo. Foi um plantão que partiu meu coração. Vivi o luto dela e de toda a família”, relembra a profissional.
A importância da escuta para a recuperação do paciente
Para o enfermeiro Leandro de Oliveira Silva, 31 anos, o que fica do combate à Covid-19 é a importância da escuta para a plena recuperação do paciente. Segundo explica o profissional, para além da parte técnica, como ajudar o enfermo a ir ao banheiro ou nos procedimentos de rotina, é preciso humanizá-lo.
“Sou muito grato em poder ouvir os pacientes e aproveitar essa experiência de vida para evoluir como ser humano. Na entrada do pronto-socorro, por exemplo, durante a triagem, já atendi idosos que ficaram mais calmos e tiveram melhoras em sintomas relacionados ou agravados pela ansiedade pelo simples fato de terem sido acolhidos nessa chegada ao hospital”, argumenta Leandro.
Outras doenças não esperam a pandemia acabar
Como enfermeira dedicada à assistência de pacientes oncológicos, Grazielle Pereira Meira Bosato, 40 anos, não pôde respeitar o isolamento social, porque o câncer que afetava pacientes também não esperou. A profissional precisou lidar diariamente com o medo dos pacientes, que apesar de já enfrentarem uma doença complicada, também se preocupavam com o coronavírus.
“Enfrentar junto com o paciente e com a família as angústias, o medo e a dor, e tentar ser uma semente de esperança e um olhar cuidadoso faz com que mesmo a pior dor, que é a perda de um paciente, nos conforte porque fizemos o melhor”, afirma Grazielle.
Por: Celimar de Meneses
METRÓPOLIS
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