Crise entre Rússia e Ucrânia derruba Bolsa e dólar cai ao menor valor desde julho
O dólar fechou em queda de 0,70%, a R$ 5,1050. É a menor cotação em quase sete meses
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em meio ao aumento das tensões entre Rússia e Ucrânia e os impactos que isso tem gerado nos mercados dos Estados Unidos e Europa, investidores estrangeiros mantiveram nesta segunda-feira (21) uma corrida por ganhos em países emergentes. Isso permitiu uma expressiva queda do dólar.
A Bolsa, porém, perdeu sustentação após passar a maior parte do dia em alta. Além do efeito da crise geopolítica, o baixo volume global de negociações devido a um feriado nos Estados Unidos deixou o mercado brasileiro mais vulnerável a oscilações. O Ibovespa caiu 1,02%, a 111.725.
O dólar fechou em queda de 0,70%, a R$ 5,1050. É a menor cotação em quase sete meses. Em 29 de julho, a moeda americana encerrou cotada a R$ 5,0790.
Nas primeiras horas da sessão desta segunda, a divisa chegou a mergulhar aos R$ 5,0760.
O Brasil segue em evidência pela expectativa de valorização das principais commodities produzidas no país, que são o petróleo e o minério de ferro. Completam o pacote de atrativos a taxa básica de juros (Selic) em alta, o real desvalorizado e ações de empresas sólidas ainda baratas na Bolsa.
Além disso, há também a perspectiva de que um esperado aumento dos juros nos Estados Unidos aprofundará a queda das bolsas americanas. A soma desses elementos explica, em grande parte, o porquê da entrada de capital do exterior no país e, consequentemente, da queda do dólar.
Investimentos de instituições financeiras internacionais na Bolsa do Brasil tinham saldo positivo há 43 sessões consecutivas até sesta segunda, de acordo com levantamento da Bloomberg. O aporte é de quase R$ 62 bilhões desde 17 de dezembro.
Apesar das quedas recentes, analistas consideram que o dólar acima de R$ 5 ainda é considerado caro. O real sofreu forte desvalorização ao longo de 2021.
Patrícia Krause, economista-chefe para a América Latina da Coface, afirma que a cotação mais adequada ao dólar seria em torno de R$ 4,60.
Nesta segunda, a retomada da produção de usinas de aço na China valoriza globalmente o minério de ferro. A recuperação da produção coincide com o encerramento dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, período em que o gigante asiático pode ter desacelerado a sua indústria para evitar que a poluição entrasse no foco da imprensa internacional.
Principal exportadora da commodity entre as empresas do Ibovespa, a Vale chegou a subir mais de 2%, mas perdeu fôlego e fechou com ligeira alta de 0,08%.
No mercado de petróleo, o barril do Brent disparou 3,76%, a US$ 97,06, renovando a maior cotação desde 2014.
A commodity segue pressionada pela possibilidade do corte de fornecimento da Rússia, um dos principais produtores da matéria básica e derivados, como o gás que abastece parte da Europa.
As ações da petroleira estatal Petrobras saltaram 2,58%.
Nesta segunda, Vladimir Putin deu um passo decisivo na rota de conflito com a Ucrânia e o Ocidente ao reconhecer as áreas autônomas resultantes da guerra civil no leste do vizinho. Depois de assinar o ato, determinou o envio de tropas do Kremlin para apoiar os separatistas étnicos russos.
Com isso, os arranjos que mal sustentavam o equilíbrio na região, a Rússia passa a ser um ator ativo no conflito, não mais um presumido juiz.
Bolsas dos Estados Unidos não funcionaram nesta segunda devido à celebração do Dia dos Presidentes. O feriado federal faz referência ao nascimento de George Washington, primeiro presidente americano, e é comemorado na terceira segunda-feira de fevereiro.
Devido ao fechamento do mercado americano, houve baixa de liquidez nas negociações globais. Isso pode ter colaborado coma volatilidade deste pregão.
Na Bolsa brasileira, as ações da Americanas derreteram 6,61%. A operação de parte dos servidores de sua plataforma de comércio eletrônico foi suspensa após a identificação de riscos de acesso não autorizado neste fim de semana.