Músico é dado como morto e obrigado a reconhecer o próprio corpo em SP
Paulo Eduardo Santos teve que ir até um hospital provar que estava vivo
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Parece coisa de filme”. É assim que o cantor Paulo Eduardo Santos, 40, conhecido como Paulinho Oliveira, classifica a confusão que levou sua esposa a ser chamada por funcionários de um hospital em São Vicente (70 km de São Paulo), para reconhecer seu corpo, supostamente vítima de tuberculose.
Segundo a prefeitura da cidade, o verdadeiro morto é um morador de rua, que, sem documentos, se identificou como Paulo Eduardo dos Santos, antes de seu quadro clínico agravar e ele morrer. A confusão teria sido ocasionada após funcionários buscarem no sistema por familiares do morto apenas levando em consideração o nome mencionado.
O músico contou para a reportagem que era por volta da hora do almoço da última segunda-feira (27) quando sua esposa recebeu uma ligação. “Quando ela atendeu, disseram que era do serviço social do hospital municipal de São Vicente, que precisavam falar com ela com urgência a respeito do Paulo Eduardo.”
O homem relata que sua esposa achou estranho, já que estavam juntos naquele momento, após almoçarem em um shopping da cidade.
Como a pessoa no outro lado da linha disse que só poderia fornecer detalhes pessoalmente, decidiram seguir até o hospital naquele mesmo instante.
Paulinho detalha que somente sua esposa entrou pronto atendimento, enquanto ele ficou do lado de fora. Mas, segundo a mulher narrou para ele, a assistente social informou que Paulo Eduardo dos Santos faleceu vítima de tuberculose na noite de domingo (26), horas após ter dado entrada no local, depois de ter sido socorrido pelo Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência).
Surpresa, a mulher de Paulinho, a produtora Jacira Oliveira, 40, explicou que seu esposo estava vivo e que havia sido ele quem a levou até ali. O argumento fez com que a funcionária apresentasse papéis em que estavam inseridos dados do cantor, como nome dos pais, endereço e número do CPF.
Com a confusão, Paulinho disse que foi pessoalmente conversar com a assistente social. “Eu peguei minha carteira e mostrei minha CNH para ela. Ela viu que todos os meus dados estavam naquele cidadão.”
Desfeita a primeira parte da confusão, o homem afirmou que foi pedido que ele reconhecesse o corpo, mas se recusou a entrar na sala onde ficam os mortos. Com isso, ele procedeu o reconhecimento através de uma foto.
“Quando a gente descobriu, eu até fiz uns vídeos de cunho mais engraçado, mas depois a gente viu que não tinha graça nenhuma, porque se tratava de um erro grave”, disse para a reportagem sobre os vídeos que ele publicou em uma rede social em que brinca com o fato de estar vivo, mas declarado como morto pelo hospital.
Até mesmo um atestado de óbito, que aponta insuficiência respiratória aguda, decorrente de tuberculose pulmonar, chegou a ser elaborado com o nome de Paulo Eduardo Santos. No entanto, o documento foi cancelado, segundo a prefeitura.
Recomposto do susto, Paulinho Oliveira apontou a situação poderia ter tido um resultado ainda mais grave, já que funcionários de um posto de saúde estiveram em sua casa para dar a notícia sobre sua morte, mas não encontraram familiares, inclusive sua mãe, uma idosa que completa 61 anos nesta quarta-feira (29).
“Minha mãe estava de licença médica a semana passada toda, mas, foi na segunda-feira, ela retornou a trabalhar, então ela não estava em casa. Se fosse na semana passada minha mãe teria recebido essa péssima notícia e fatalmente teria passado mal, aí eu não saberia qual o final dessa história.”
Leia a nota da prefeitura de São Vicente
A Prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria de Saúde (Sesau), informa que na manhã de domingo (26) o Samu foi acionado para atender uma pessoa em situação de rua.
O socorro se deu às 9h24. Consciente, ele se queixou de falta de ar e, sem qualquer documento pessoal, identificou-se à equipe como Paulo Eduardo dos Santos. No Hospital Municipal, o paciente teve uma piora no quadro, vindo a falecer à noite, por insuficiência respiratória causada por quadro de tuberculose, conforme confirmado nos exames realizados.
Como de praxe, foi verificado no sistema informatizado que pessoa com o mesmo nome e idade já havia sido atendida no hospital. Com dados mais precisos disponíveis, a unidade contatou um familiar pelo telefone indicado na ficha, solicitando a comparecer ao hospital, onde foi confirmado que se tratava de um homônimo.
Ressalta-se que os procedimentos adotados visaram a todo momento a identificação do paciente que faleceu. Por fim, foi gerada uma declaração de óbito sem nome. O corpo foi encaminhado ao IML para identificação documental e procura de eventuais familiares.