KGB da Belarus usou perfis falsos para inflamar crise na fronteira com UE, diz Meta
A UE acusa a ditadura da Belarus, liderada por Aleksandr Lukachenko, de empurrar migrantes em direção às fronteiras com a Lituânia, a Letônia e a Polônia
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A empresa Meta, dona do Facebook, afirmou em relatório publicado nesta quarta-feira (1º) que a polícia secreta da ditadura da Belarus, a KGB, atuava em dezenas de perfis falsos na rede social com o objetivo de impulsionar a crise migratória que há meses se arrasta na fronteira do país com a União Europeia (UE). Mais de 40 contas foram removidas por esse motivo.
Os perfis falsos teriam sido usados para criticar o comportamento das autoridades da Polônia, país onde há o maior fluxo de migrantes, com informações falsas que incluíam denúncias de intimidação e uso da força por parte dos guardas poloneses na fronteira. As publicações eram feitas em inglês, polonês e curdo, diz o relatório da Meta.
Embora a real identidade das contas tenha sido ocultada, o documento afirma que foi possível encontrar relações com a KGB belarussa. Por outro lado, a Meta também aponta que 31 perfis falsos com origem na Polônia foram deletados por razões semelhantes, ainda que não tenha sido possível vinculá-los ao governo do país.
As contas falsas alegavam estar compartilhando suas próprias experiências negativas ao tentarem cruzar a fronteira da Belarus para a Polônia e escreviam sobre as dificuldades dos imigrantes na Europa, segundo detalha o relatório. Postagens sobre medidas anti-imigração na Polônia e sobre grupos neonazistas também foram encontradas.
A UE acusa a ditadura da Belarus, liderada por Aleksandr Lukachenko, de empurrar migrantes em direção às fronteiras com a Lituânia, a Letônia e a Polônia –países-membros do bloco– como forma de vingança após sanções serem aplicadas ao país, conhecido por reprimir opositores e manifestações pela democracia. O ditador belarruso já admitiu, em diferentes manifestações públicas, que suas tropas incentivam migrantes a entrarem de forma ilegal na UE.
Grupos de direitos humanos afirmam que pelo menos 13 pessoas morreram devido às precárias condições nos acampamentos improvisados na fronteira. Os locais começaram a ser esvaziados por soldados da Belarus em novembro, e os migrantes foram levados para armazéns na região. Autoridades da UE dizem que a situação melhorou com a medida, mas que ainda há de 8.000 a 10 mil migrantes na região.
O bloco europeu propôs nesta quarta um pacote polêmico com a justificativa de amenizar a situação nas fronteiras. O documento prevê que Letônia, Lituânia e Polônia tenham permissão para deter migrantes em centros de processamento de pedidos de asilo por até 16 semanas –o período permitido atualmente é de quatro semanas.
Organizações da sociedade civil, já críticas à maneira como a UE tem lidado com o fluxo migratório, afirmam que o bloco tem sido influenciado em excesso pelo partido nacionalista conservador no poder na Polônia, o Lei e Justiça (PiS), e que as medidas anunciadas violam a lei de asilo internacional.
Twitter exclui perfis ligados a governos O Twitter também anunciou nesta quinta-feira (2) que excluiu cerca de 3.500 contas que realizavam operações de propaganda de governos.
A maior parte das publicações divulgava o discurso oficial do Partido Comunista da China em relação à minoria muçulmana uiguir da região autônoma de Xinjiang, segundo a rede social. Cerca de 100 contas estavam vinculadas a uma empresa ligada ao governo da província.
Organizações internacionais afirmam que Pequim tem detido arbitrariamente pessoas uiguir e as submetido a práticas de trabalho forçado e doutrinação política em centenas de centros de detenção.
Outras contas excluídas da rede social estavam ligadas a autoridades de países como México, Rússia, Tanzânia, Uganda e Venezuela.