Em muitas partes do mundo, tristemente ainda é assim: por comida, menina de 9 anos é vendida a ‘noivo’ de 55

Reportagem mostra casos de crianças sendo

vendidas no Afeganistão.

Por: Ana Luiza Menezes 

Parwana com o pai, Abdul Foto: Reprodução/YouTube/CNN

No Afeganistão, país que está sob controle do Talibã, pais estão vendendo suas filhas pequenas com o objetivo de terem dinheiro para comprar comida. Uma reportagem recente da CNN mostrou alguns casos, como o da menina Parwana Malik, de 9 anos, que foi vendida como noiva de um homem de 55 anos de idade.

Meses atrás, o pai da menina já havia vendido a irmã dela, de 12 anos.

Abdul Malik, pai de Parwana, disse que está “destruído” pela culpa, vergonha e preocupação. Ele afirmou que tentou evitar a venda da filha, e que chegou a viajar para procurar trabalho.

– Somos uma família de oito pessoas. Eu tenho que vender para manter outros membros da família vivos – falou Abdul.

O dinheiro só ajudará a família por alguns meses. Depois, Malik terá que encontrar outra solução para conseguir sustento.

A garotinha, que foi autorizada a conversar com a equipe de reportagem, contou que esperava mudar a opinião de seus pais. O sonho dela era se tornar professora, mas seus apelos foram inúteis.

No dia 24 de outubro, Qorban, homem que comprou a menina, entregou uma quantia equivalente a 2.200 dólares (cerca de R$ 12,4 mil) na forma de ovelhas, terras e dinheiro para o pai de Parwana.

– Esta é sua noiva. Por favor, cuide dela. Por favor, não bata nela – pediu o pai da garota.

O homem disse que já tinha esposa e que cuidaria de Parwana como se fosse um de seus próprios filhos.

– Parwana era barata e seu pai era muito pobre, e precisa de dinheiro. Ela vai trabalhar na minha casa. Não vou bater nela. Vou tratá-la como um membro da família. Eu serei gentil – falou o comprador.

Ainda segundo a CNN, casos como o de Parwana têm aumentado no Afeganistão. No país, embora casar crianças com menos de 15 anos seja ilegal, a prática é comum há anos, especialmente nas áreas mais rurais. Desde agosto, por conta da fome e do desespero, as vendas de crianças aumentaram.

Uma menina chamada Magul, de 10 anos, que mora na província de Ghor, chora todos os dias ao ser preparada para ser vendida a um homem de 70 anos. O acordo irá saldar dívidas da família.

– Eu não quero ir com ele. Se eles me obrigarem, vou me matar. Não quero deixar meus pais – lamentou a garota.

Na província de Ghor, outra família, composta por nove pessoas, está vendendo duas meninas de 4 e 9 anos. O pai está preparado para vender cada filha por cerca de 1,1 mil dólares (ou R$ 6,2 mil).

Zaiton, de 4 anos, disse que sabe por que isso está acontecendo.

– Porque somos uma família pobre e não temos o que comer – disse.

Segundo o relato de Mohammad Naiem Nazem, ativista de direitos humanos em Badghis, “dia a dia, aumenta o número de famílias que vendem seus filhos”.

– Falta comida, falta trabalho e as famílias sentem que têm que fazer isso – explicou o ativista.

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