Aplicativo deve agilizar pré-cadastro de doadores de medula óssea
O aplicativo está disponível para celulares com sistema iOS e Android
Desde janeiro deste ano, o aplicativo está sendo usado em caráter experimental para pré-cadastro de novos inscritos no Redome nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Ceará.
Os primeiros resultados mostram que foram feitos, até agosto, 13.021 downloads do aplicativo. Dos 486 pré-cadastros efetuados, 129 pessoas se dirigiram a um hemocentro para finalizar a inscrição.
A coordenadora técnica do Redome, médica Danielli Oliveira, destacou em entrevista à Agência Brasil que, para funcionar como pré-cadastro em nível nacional, o hemocentro estadual tem que fazer o cadastro também usando os dados do aplicativo. “A gente está convocando os nossos hemocentros para que entrem no aplicativo. Ele não é obrigatório”, afirmou.
Danielli observou que o aplicativo já permite a atualização de dados pessoais daqueles que estão há mais tempo no registro, como mudança de telefone e endereço, o que é fundamental para a rápida localização do doador compatível.
Reforçou que o aplicativo tem duas funções. “Para o pré-cadastro, depende do hemocentro do estado que está usando. O que qualquer doador já pode fazer no aplicativo é atualizar o seu cadastro. Isso é muito importante porque a gente tem sempre aquele desafio de atualização do cadastro para a localização do doador. E a gente sempre aproveita essa data do Dia Mundial do Doador para chamar a atenção para a necessidade de atualização do cadastro”, disse. A data mundial é comemorada sempre no terceiro sábado de setembro.
Atualmente, estão cadastrados no Redome 5,4 milhões de doadores, dos quais 120 mil entraram este ano. Em 2021, até agosto passado, foram feitos no Brasil 200 transplantes de medula óssea, sendo 140 com doadores brasileiros. Danielli salientou também que o banco de doadores do Brasil beneficiou este ano em torno de 20 pacientes de outros países.
A coordenadora técnica do Redome informou, também, que a atividade de transplante este ano está maior do que em 2020, quando sofreu impactos da pandemia de covid-19. Salientou, entretanto, que “o impacto não foi sobre os doadores, mas sobre os serviços. Os pacientes ficaram com medo de transplantar, os hospitais ficaram muito afetados. Isso aconteceu este ano também. Os doadores, apesar de todas as restrições, continuaram doando”, explicou.
Em 2020, foram efetuados 279 transplantes de medula óssea no país, contra 411 em 2019. “Na verdade, vínhamos numa crescente e fomos afetados pela pandemia. Mas não fomos atingidos porque houve menos doadores cadastrados. A redução do número de transplantes não afetou a chance de encontrar um doador, nem os doadores deixaram de doar. Foi uma conjuntura de fatores”, reforçou. “Os serviços foram muito atingidos”. De 2018 para 2019, o total de transplantes no Brasil subiu de 380 para 411.
Danielli admitiu que, este ano, o programa de transplantes de medula óssea no Brasil não será capaz de recuperar o ritmo de 2019. A meta é superar o total registrado em 2020. “Eu gostaria que passasse de 300 este ano”, frisou a médica do Inca/Redome. A expectativa é que os números melhorem ainda mais com a ampliação do uso do aplicativo por doadores de todo o Brasil.
Moradora da cidade de Fernandópolis, interior de São Paulo, Lilian Alves de Lima, 34 anos, foi diagnosticada com leucemia mieloide aguda em dezembro de 2019. Ela precisava de um transplante de medula óssea, porém, ninguém da família era compatível. Com alguns meses de espera, uma doadora foi localizada por meio do Redome e aceitou fazer o procedimento.
“Eu tive a vida salva por uma pessoa que não me conhece. É um peso muito grande, você sente muita empatia quando percebe que alguém que nunca te viu escolheu te salvar. Um ato tão simples, como se cadastrar em um aplicativo ou só atualizar seus dados, pode mudar a esperança e a vida de alguém”, acentuou.
A Associação Mundial de Doadores de Medula Óssea (WMDA, do nome em inglês World Marrow Donor Association) vai celebrar o Dia Mundial do Doador, neste sábado, com transmissão, durante 24 horas, de vídeos e fotos de homenagens e histórias inspiradoras de doadores, pacientes e familiares de todo o mundo. Por conta da pandemia, o Redome não fará nenhum evento presencial, mas enviou um vídeo à WMDA e está convocando toda a sua rede de hemocentros, centros de transplante e organizações não governamentais (ONGs), além de pacientes e doadores, para participar da campanha. A WMDA é uma organização global de registros, que representa mais de 38 milhões de doadores voluntários de 55 países.
*Com informações da Agência Brasil