Prisão de Roberto Jefferson foi estopim para reação de Bolsonaro contra o STF
Segundo relatos de auxiliares palacianos, presidente da República avalia que Suprema Corte ultrapassou ‘todos os limites’.
A prisão do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, foi o estopim para a reação do presidente Jair Bolsonaro contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo aliados e auxiliares palacianos ouvidos pela Jovem Pan, o chefe do Executivo federal ficou “muito irritado” com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, que determinou a detenção do cacique partidário, após solicitação da Polícia Federal (PF). Aliado do governo, o ex-deputado federal foi preso no âmbito do inquérito que invetiga a atuação de “milícias digitais” – na decisão, desta sexta-feira, 13, Moraes escreveu que Jefferson “faz parte do núcleo político” de uma organização criminosa “que tem por um de seus fins desestabilizar as instituições republicanas”.
A reação de Bolsonaro ocorre no final de uma semana na qual a Câmara dos Deputados enterrou a PEC do voto impresso, uma de suas bandeiras, e o ministro Alexandre de Moraes determinou a abertura de uma investigação para apurar o vazamento de um inquérito sigiloso da Polícia Federal – no dia 4 de agosto, o presidente realizou uma live, ao lado do deputado federal Filipe Barros (PSL-PR), e citaram um procedimento a respeito de um ataque ao sistema interno do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ocorrido em 2018. No caso da proposta de mudança do modelo de votação do país, Bolsonaro afirmou, em mais de uma ocasião, que o revés ocorreria em razão de uma interferência de Barroso no Parlamento.
Como a Jovem Pan mostrou, Bolsonaro está incomodado com movimentos de ministros do STF há algum tempo. Antes de xingar Barroso de “imbecil” e de “idiota” durante a tramitação da PEC do voto impresso, o presidente se irritou com a decisão que autorizou a instalação da CPI da Covid-19. Quanto a Moraes, o Palácio do Planalto avalia que o magistrado persegue aliados para desgastar a imagem do governo. Nos últimos meses, o ministro abriu o inquérito contra “milícias digitais” – do qual Roberto Jefferson foi alvo – e incluiu o chefe do Executivo federal nas investigações sobre a disseminação de notícias falsas.
- Por André Siqueira
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