Conquista de grandes cidades pelo Taleban ameaça sobrevivência do governo afegão
Insurgentes já estão no controle de metade das 34 províncias do país, e uma vitória em Cabul pode ser definitiva.
Combatentes do Talibã são vistos dentro da cidade de Farah, capital da província de Farah, a sudoeste de Cabul, em 10 de agosto de 2021, no Afeganistão — Foto: Mohammad Asif Khan/AP
“A queda de Kandahar parece um evento revolucionário”, diz Jonathan Schroden, ex-conselheiro das Forças Armadas dos EUA e atualmente especialista em segurança da organização sem fins lucrativos CNA. “Por se tratar da ex-capital do Emirado Islâmico do Afeganistão, a tomada da cidade parece restabelecer o emirado”, acrescenta ele, referindo-se ao nome oficial que o Taleban adotava para a região que governou entre 1996-2001.
Desde maio, aproveitando a fase final da retirada das tropas dos EUA e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), os talibãs assumiram o controle de extensas áreas rurais do país. Mais recentemente, a organização iniciou o processo de tomada das grandes cidades.
Na semana passada, o Taleban conquistou a maior parte de Lashkar Gah, capital da província de Helmand, no sul, onde os extremistas tomaram nove dos dez distritos policiais da cidade. Os confrontos seguem intensos, assim como os ataques aéreos dos EUA e do governo afegão, insuficientes para conter os jihadistas.
Na quarta-feira (11). o Taleban assumiu o comando do aeroporto de Kunduz, numa ação rápida que levou a maioria das tropas governamentais a se render. Na sequência, os insurgentes dominaram Ghazni, e uma nova ofensiva nesta sexta-feira rendeu mais vitórias aos insurgentes. Agora, eles controlam metade das 34 províncias do país.
A conquista de Ghazni tem uma grande importância estratégica, pois a cidade fica ao longo da principal rodovia do país, que liga Cabul a Kandahar, conectando a capital do país aos redutos talibãs no sul.
O próximo passo é a capital nacional Cabul, cuja conquista colocaria em sério risco a sobrevivência do governo que hoje comanda oficialmente o país e que conta com o apoio do Ocidente.
Negociações de paz
Na tentativa de encerrar o conflito, o governo afegão iniciou um processo de negociação sob a mediação do Qatar. De acordo com a agência qatari Al Jazeera, no último dia das negociações, que foi nesta quinta-feira (12), teria sido oferecido aos talibãs uma participação no poder central em troca de um cessar-fogo.
A proposta, não confirmada oficialmente pelo governo, parece pouco atraente ao Taleban, diante da possibilidade de assumir o controle total do país com uma vitória armada.
No Brasil
Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.
Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.
Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram.
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