Em Campos: Frederico Paes anunciou que polêmica licitação para gestão da Saúde será em julho
“O que a gente não pode ter hoje são desperdícios que ainda existem. Nós encontramos uma Prefeitura totalmente desarrumada. Não sabe se todo medicamento que é comprado chega com segurança lá na ponta, onde tem necessidade. Controle de estoques, aferição de ponto, aferição de quem está e quem não está trabalhando. Identifiquei muitas aberrações que precisam ser corrigidas”. A afirmação é o vice-prefeito de Campos, Frederico Paes, ao defender a necessidade de contratação de uma empresa para gestão das unidades hospitalares do município. Na última sexta-feira (18), em entrevista ao Folha no Ar, da Folha FM 98,3, ele comentou sobre a desistência do polêmico contrato emergencial, de R$ 33 milhões por 180 dias, com a MX Gestão de Saúde e afirmou que a licitação vai acontecer em julho. Além de questões políticas, como as articulações quanto ao Código Tributário, Frederico, que é engenheiro agrônomo e presidente da Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro), ele também falou sobre as perspectivas da safra e a importância do agronegócio para a economia campista.
Com experiência na gestão do Hospital dos Plantadores de Cana, Frederico disse que o município tem um orçamento dos mais privilegiados do país em termos de Saúde: “A última gestão gastava em média, e a palavra é gastar, não é nem investir, porque gastou-se mal, R$ 900 milhões na Saúde. O que falta na Saúde é administração, é gestão, é fazer com que esse recurso seja bem aplicado. E o município precisa, sim, profissionalizar, otimizar a gestão”.
O valor do contrato anunciado com a com a MX Gestão de Saúde com dispensa de licitação, e que depois houve recuou por parte da Prefeitura, foi outro ponto que Frederico explicou.
— O valor estimado de despesa ou investimento nesse projeto seria algo em torno de R$ 12 milhões. Por que os R$ 33 milhões? Previa-se ali um “cobertor” de horas médicas e horas de enfermagem, fisioterapia. Se tivesse algum problema, a gente contrataria médicos em cima dessas horas. Então, o valor estimado mensal para otimizar a gestão dos três hospitais (Ferreira Machado, Geral de Guarus e São José) e de seis UPH’s seria algo estimado em R$ 800 mil a R$ 1 milhão por mês. O restante ia ficar lá, se houvesse necessidade.
Na versão oficial, a suspensão do contrato com a MX foi pelo fato de a empresa não ter experiência com municípios do porte de Campos. Mas a imprensa revelou que sócios da MX Gestão estariam ligados à holding envolvida nos escândalos de corrupção dos hospitais de campanha, que levaram ao impeachment do ex-governador Wilson Witzel. Frederico admitiu que esse fato também pesou na decisão de cancelar o contrato: “A empresa precisa ter expertise com cidades do tamanho de Campos, isso é o principal. A gente quer transparência total nas empresas que vão trabalhar. Eu tenho um nome a zelar, uma vida pública e preciso ter total tranquilidade para trabalhar nossas ideias. Precisamos colocar uma empresa para atuar na gestão, mas sem outros tipos de preocupação”.
A intenção de contratar uma empresa para gestão da Saúde foi contestada pelo ex-presidente do Sindicato dos Médicos de Campos José Roberto Crespo, cobrando melhores condições de trabalho e defendendo que os próprios profissionais do município têm condições de administrar a rede. Frederico respondeu:
— Nós já estamos trabalhando com recurso para melhorar os equipamentos dos hospitais. Nós vamos entregar à população os hospitais públicos melhores, mais bem aparelhados, com condição. Existe já previsão orçamentária para isso. Agora, o médico tem que se dedicar à medicina ou deixar a medicina para fazer gestão. Não dá para misturar as coisas. Quem faz gestão são gestores, que podem ser médicos, mas têm que ter dedicação exclusiva. Campos tem, sim, pessoas capacitadas para isso. Mas, é preciso ter dedicação exclusiva, e não fazer gestão como penduricalho e complemento de salário.
HGG — Frederico confirmou que o início da obra do Hospital Geral de Guarus acontece ainda este ano. “Isso já deveria ter acontecido, (atrasou) pela questão da pandemia. Não tem como você fechar o hospital, você precisa transferir o hospital para algum lugar. Hoje, o HGG é importante não só para Guarus, mas para o município inteiro”.
No campo político, Frederico demonstrou otimismo com o mandato que vem desempenhando com o prefeito Wladimir Garotinho (PSD): “A coisa está caminhando bem, apesar dos percalços, o que é normal em cinco meses de governo. No final dos quatro anos, vamos entregas uma cidade melhor para as pessoas”.
Pouco tempo para dialogar sobre o projeto
As polêmicas discussões do Código Tributário de Campos também foram analisadas pelo vice-prefeito. Frederico pontuou que o setor produtivo se propôs ao dialogo, mas sem nenhum tipo de concessão sobre o que estava sendo proposto. Ele também falou sobre a atuação dos vereadores no processo e defendeu a necessidade dos ajustes, ressaltando o Termo de Ajuste de Gestão (TAG) que o município pretende firmar com o Tribunal de Contas do Estado (TCE). Para Frederico, apesar da falta de votos no Código Tributário, o governo teve saldo positivo em relação ao pacote enviado ao Legislativo:
— Eu entendo que o governo saiu vitorioso. Dos 13 projetos enviados, 12 importantes projetos foram aprovados. Não tem como falar em derrota até porque esse 13º projeto não foi votado. Evidente, que em política tem o fator da negociação, e os próprios vereadores que se colocaram como independentes, também poderia negociar através de emendas. (…) Campos precisa de união. O prefeito tem dito isso e eu endosso porque é preciso trazer paz ao município.
Para Frederico, a reprovação do regime de urgência pode ajudar o governo. “Não faltou diálogo, faltou mais tempo para dialogar. Talvez, se o tempo fosse maior, teríamos como levar a mensagem do prefeito. Talvez o tempo que a gente não teve, tenhamos agora, que a gente consiga negociar, mostrar alguns pontos e quando tiver maduro, claro, com a determinação do presidente (da Câmara) Fábio Ribeiro (PSD), colocar na pauta”.
Expectativa em alta com a cana-de-açúcar
Engenheiro agrônomo e presidente da Coagro, Frederico também falou sobre as expectativas positiva para o agronegócio, sobretudo com a safra da cana-de-açúcar. Ele destacou que em três ano a produção foi dobrada na região e as previsões são promissoras:
— A injeção nos municípios é em torno de R$ 600 milhões, nas duas unidades que operam hoje na região, a Coagro e a Canabrava. É uma atividade que acredito que vá crescer muito. Nós vamos reabrir a usina Paraíso ano que vem. Vamos começar, a partir de julho, a reforma da usina. Serão gerados cerca de dois mil empregos diretos. É uma usina importante na margem direito do Paraíba. As duas usinas hoje são na margem esquerda. Vamos incentivar o plantio de cana na Baixada Campista. Daqui a dos anos, nossa expectativa é que o segmento possa estar injetando na economia algo em torno de R$ 1 bilhão.
Frederico também comentou sobre a necessidade de intervenções, em parceria com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para a recuperação dos canais. Ele ainda destacou os trabalhos desenvolvidos pela secretaria de Agricultura, afirmando que o governo encontrou “uma bagunça” na pasta, mas que a atual equipe já começa a apresentar resultados: “Fizemos em poucos meses mais de 100 quilômetros de estradas vicinais, para dar condições aos produtores de escoar a produção”. O vice-prefeito vê no setor um dos caminhos para Campos superar a crise.
Por: ARNALDO NETO
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