ARGENTINOS CRITICAM GRAMADOS BRASILEIROS NESTA COPA AMÉRICA
As críticas dos argentinos à qualidade dos gramados brasileiros trazem à luz um ponto crucial que tem sido deixado à margem na discussão sobre a qualidade do futebol que se joga no Brasil.
Tanto Lionel Messi, o craque, quanto Lionel Scaloni, o treinador, espinafraram o campo do Estádio Nílton Santos, onde foi palco da partida de estreia das seleções da Argentina e do Chile (1 a 1) na Copa América, na noite da última segunda-feira (14).
Com toda razão.
Na Copa América de 2019, o mesmo Scaloni já havia se queixado dos gramados brasileiros.
E Carlos Queiroz e Rafael Dudamel, na época respectivos treinadores de Colômbia e Venezuela, o acompanharam nas críticas.
Fonte Nova, Arena do Grêmio, Mineirão e Maracanã – nenhum deles foi aprovado por treinadores e jogadores daquela edição.
Fator básico, ignorado pela CBF e pelas federações promotoras das competições do país.
Os gramados dos nossos estádios envergonham o futebol brasileiro num momento em que dividimos as atenções com as partidas da Eurocopa.
A qualidade do terreno de jogo é fundamental para a execução de um bom passe, e vital para os dribles e arremates.
Messi, por exemplo, disse que o gramado do Nílton Santos não permite o jogo rápido e dificulta a condução da bola.
E estamos falando do Messi, e não dos jogadores do Botafogo.
Duvido que o tcheco Patrick Schick teria a mesma eficiência daquele chute a 51 metros de distância do goleiro da Escócia se o campo não fosse regular.
Queria ver ele fazer aquele segundo gol se em vez do Hampden Park, em Glasgow, estivesse no Engenhão, onde Messi abriu o placar em bela cobrança de falta.
Mas o pior é saber que a grita de treinadores e jogadores de fora do país, a maioria acostumada aos gramados europeus, não será capaz de produzir efeitos.
No Brasil, esta questão estrutural (ainda que primária) é tratada com desdém até mesmo pelos torcedores.
São poucos os que se importam com o fato de seus clubes não zelarem pela qualidade do piso.
E lembrem-se que o Flamengo, por exemplo, já perdeu titulares por contusão por causa do gramado do estádio que o próprio clube administra.
Aliás, os dirigentes esperam apenas a renovação da concessão do Maracanã (o edital ainda não foi divulgado) para estudar melhorias.
Dentre elas, a possibilidade de implantação de campo híbrido, que mistura gramas natural e artificial.
Segundo especialistas envolvidos no projeto, é o que faz dos gramados europeus verdadeiros tapetes.
CRÉDITO:
Foto: O craque Lionel Messi fez críticas ao gramado do Estádio Nílton Santos onde as seleções de Argentina e Colômbia empataram em 1 a 1 / Reuters