Prefeitura de Campos anuncia contrato de R$ 33 milhões sem licitação com firma envolvida em escândalos da saúde, mas depois volta atrás e suspende assinatura.
Depois de ter divulgado a contratação da empresa MX Gestão de Saúde para administrar a gestão profissional das unidades hospitalares da rede pública da cidade, a Prefeitura de Campos informou, na tarde desta sexta-feira (28), que o escandaloso milionário contrato teria chegado a ser assinado.
“Na fase final de avaliação do rito administrativo, para a formalização do contrato, foi identificado o não preenchimento dos pressupostos exigidos em Lei”, diz trecho da nota do município. O contrato em carácter de emergência, que teria validade por 180 dias, cujo edital foi publicado no Diário Oficial do Município nesta sexta, se referia a uma previsão financeira máxima de R$ 33 milhões.
Ainda na nota, a Prefeitura explica que, “em compromisso com o melhor atendimento à população na área da Saúde, irá seguir com a implementação do modelo de otimização da gestão profissional de hospitais e UPHS, com procedimentos administrativos para garantir assistência com qualidade, eficácia e dignidade a quem mais precisa”.
Quando começou a se falar nesta implantação de metodologia de trabalho, era, segundo o governo municipal, para garantir e poder ofertar um serviço de mais qualidade para a população campista, essa, que Já vem padecendo com os péssimos serviços ofertados na área de saúde,não só agora, mas nos últimos anos.
A prefeitura chegou a informar, que este valor se trata de um teto, podendo no caso, oscilar e que seria para a administração das unidades, tais como Hospital Ferreira Machado, Hospital Geral de Guarus e Hospital São José.
Este valor inclusive, administraria um possível banco de horas clínicas, que poderiam ser usadas e pagas, caso houvesse necessidade de contratação de médicos, por exemplo, para evitar desassistência e garantir atendimento à população”.
Mas o que não foi dito, é que a referida empresa beneficiada pelo milionário contrato sem que houvesse concorrência pública, ou seja, licitação para que concorrentes da privilegiada pudessem oferecer os mesmos serviços por preço mais interessante, pois o mesmo, será pago com o dinheiro do contribuinte campista, é que a MX Gestão de Saúde, se trata de uma empresa que foi fundada em 2017, segundo o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), e que hoje, ela fica sediada na cidade de Teresópolis, na região Serrana do Estado. Até aí, o fato de ser de uma outra cidade, não seria empecilho, porém, a dispensa de licitação, por si só, já chama a atenção, principalmente pelo fato de: a empresa ter sido aberta no dia 4 de Abril de 2017, no município de Paranaíba, no Mato Grosso do Sul, com outro nome.
A mudança para Teresópolis, no Rio de Janeiro, veio acompanhada da alteração da razão social para MX Gestão e Saúde Ltda. e de um incremento do capital social, que saltou, pasmem os senhores, de R$ 30 mil para a bagatela de nada mais, nada menos, que R$ 3,5 milhões. Daí para frente, a empresa passou a atuar no apoio à gestão de saúde e consultoria em gestão empresarial.
Repórteres de Campos, do jornal NU entraram em contato, via telefone, com a privilegiada empresa. Eis que do outro lado da linha, pessoas que atenderam a ligação, disseram que a sortuda MX Gestão e Saúde Ltda. “NUNCA FUNCIONOU ” no local apontado como sendo onde funcionaria a sede da empresa.
Não bastasse isso, como um dos sócios da referida felizarda, está Cleidson Vieira de Oliveira Junior. Além da MX Gestão, ele também é sócio da Prohelth Ltda., empresa sediada em Curitiba, no Paraná, e que, segundo dados da Junta Comercial daquele estado, funciona a empresa Hera Serviços Médicos Ltda.
E aí aparece a ponta do fio do novelo de lã. Para quem não se lembra, a Hera Serviços Médicos LTDA. foi uma das contratadas do Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas).
O Iabas, por sua vez, foi contratada pelo Governo do Estado do Rio para gerir os hospitais de campanha montados para atender pacientes da Covid-19, parte dos quais foi e esteve no centro do escândalo de corrupção que resultou na prisão do ex-secretário de Estado de Saúde Edmar Santos e no impeachment do ex-governador Wilson Witzel (PSC).
Equipe técnica da secretaria estadual de saúde, acompanhada do então deputado federal, Wladimir Garotinho. Foto:Assessoria
E mais: não por acaso, o prefeito, então deputado federal, foi, como se pode ver na foto a cima, figura muito empenhada na época, na montagem daquilo que um dia se imaginou chegar a ser um hospital de campanha, instalado na Avenida 28 de Março na cidade de Campos, para que pudesse o mesmo, socorrer a população não só campista, mas também de toda a região. Mas este hospital, NUNCA VEIO A FUNCIONAR.
RANOTÍCIAS
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