Torcedores tricolores se reúnem em Copacabana para curtirem goleada do Flu
Torcedores do Fluminense já adotaram um bar da Rua Belfort Roxo em Copacabana para torcerem para o time das Laranjeiras. E neste domingo a coisa não foi diferente, às 11h da manhã, lá estavam eles envergando a camisa tricolor e em fim de manhã de temperatura amena, puderam assistir o clube do coração golear o seu adversário, o time do Madureira em quem o Flu aplicou uma goleada de 4 x 1.
Já classificado para as semifinais do Campeonato Carioca e sem mais chances de título da Taça Guanabara, o Fluminense goleou o Madureira por 4 a 1 na manhã deste domingo, no Maracanã. Mais do que o resultado em si, o principal é analisar os testes feitos pelo técnico Roger Machado na equipe – e o que é possível extrair deles para a sequência da temporada.
De olho na longa viagem para a Colômbia e no Santa Fe, adversário da próxima quarta-feira, pela Libertadores, o treinador tratou de poupar o time inteiro – o único titular foi o goleiro Marcos Felipe. Nino e Yago também foram relacionados, mas apenas o segundo foi acionado, já na reta final da partida.
É inegável que a decisão em poupar os titulares, buscar alternativas e dar ritmo aos reforços foi acertada, mas quem aproveitou a oportunidade?
Bobadilla comemora seu gol pelo Fluminense contra o Madureira — Foto: André Durão
Antes de começar a analisar “o que deu certo e o que deu errado”, é importante se atentar à faixa etária dos 11 que iniciaram a partida em uma manhã de sol e calor no Rio de Janeiro. Com exceção de Marcos Felipe (25), Danilo Barcelos (29) e Cazares (29), todos os atletas têm mais de 30 anos. Não que seja um empecilho, mas por que não mesclar jovens e “veteranos” como já tem sido feito até aqui? Ainda mais levando em consideração o desgaste natural pelo horário do jogo.
Além disso, o time jogou em uma espécie de 4-4-2, com Cazares e Lucca aberto pelos lados, e Bobadilla e Abel por dentro. Os dois centroavantes mostraram, sim, que podem ser úteis e, inclusive, marcaram os gols de empate e da virada, mas em alguns momentos “bateram cabeça” para se entender – compreensível pela falta (natural) de entrosamento.
Roger Machado, técnico do Fluminense — Foto: Andre Durão
O que deu certo?
Pelo lado direito da defesa, Samuel Xavier e Manoel, um dos estreantes do dia, fizeram jogo seguro e não comprometeram. O zagueiro, inclusive, mostrou boa técnica logo no início ao lançar Bobadilla com precisão; o paraguaio, porém, escorregou e desperdiçou chance de ficar cara a cara com o goleiro adversário.
Em outros momentos, Manoel chegou a forçar ligações diretas ao ataque, mas muito em razão da improdutividade do meio de campo tricolor, que estava lento e não dava opções, facilitando a compactação do Madureira.
Samuel Xavier fez desarmes importantes por baixo e tentou algumas investidas ao ataque. Em uma delas, foi à linha de fundo e serviu Gabriel Teixeira. Na sequência do lance, os jogadores do Fluminense reclamaram bastante de toque de mão e pênalti de Juninho, após finalização do camisa 39.
Manoel em Fluminense x Madureira — Foto: André Durão
Já conhecido no futebol brasileiro, após grandes temporadas no Atlético-MG e passagem mais curta pelo Corinthians, Cazares mostrou seu cartão de visitas ao torcedor tricolor na última quinta-feira, quando foi o melhor em campo no empate em 1 a 1 com o River Plate. Neste domingo, foi escalado mais por questões de ritmo do que de “teste”. Habilidoso e com ótima visão de jogo, tem tudo para ser importante na sequência da temporada, além de ser peça interessante na bola parada, que já era uma arma forte do Fluminense.
Na frente, Abel Hernández, que fez seu primeiro jogo como titular, e Raúl Bobadilla, que fez sua estreia, mostraram algo que costuma encantar a torcida: garra, sem deixar de jogar bola. Como já foi dito, faltou entrosamento à dupla, o que já era de esperar, e também a bola chegar com mais frequência, mas isso é papo para “o que deu errado”.
Bobadilla e Abel Hernandez comemoram gol do Fluminense contra o Madureira — Foto: André Durão
Os dois atacantes jogaram próximos, saíram bastante da área, fizeram bem a proteção e o mais importante para a posição: fizeram gols. Abel se antecipou bem à marcação, sofreu pênalti e converteu a cobrança com categoria, empatando o jogo aos 14 do segundo tempo. Já Bobadilla perdeu boa chance antes do intervalo, após driblar o goleiro e chutar para fora, mas virou o jogo no melhor estilo centroavante, aproveitando rebote, aos 25 da etapa final.
Além dos reforços, a prata da casa Gabriel Teixeira merece destaque. O jovem de 20 anos voltou a fazer ótimo jogo. Ele entrou em campo pouco antes do gol de empate, no lugar de Lucca, que fazia péssima partida, e deu outra cara ao time. Com jogadas verticais e tabelas rápidas, acelerou o ritmo e foi o motorzinho do segundo tempo, sendo premiado com um golaço, o primeiro como profissional. Cada vez mais, o meia-atacante mostra que pode ser peça importante.
Quem também aproveitou bem a chance foi Paulo Henrique Ganso. Preterido para a partida contra o River, entrou no lugar de Cazares aos 28 do segundo tempo. Em 20 minutos, distribuiu bons passes, pisou próximo à área e deu sequência a sua fase artilheira, chegando ao terceiro gol em seis jogos na temporada.
Ganso comemora seu gol pelo Fluminense contra o Madureira — Foto: André Durão
E o que deu errado?
Apesar dos testes que “deram certo”, o primeiro tempo contra o Madureira foi fraco. O time esteve sonolento e improdutivo, chegando com perigo pouquíssimas vezes ao ataque e sofrendo o gol em lance de bola parada.
Para começar, a opção por dois volantes que ocupam a mesma faixa de campo não funcionou. Hudson foi escalado mais atrás e era o responsável pela saída de bola. Pouco aproveitado até aqui (apenas nos minutos finais das partidas contra o Boavista e Botafogo), esteve muito mal, sobretudo, na primeira etapa.
Lento nas transições, exagerou nos passes para os lados, errando alguns bobos, e falhou no gol do Madureira. Primeiro, fez a falta que originou o lance e, depois, aplicou uma voadora para tentar o corte, dando a bola nos pés de Luiz Paulo.
Hudson em Fluminense x Madureira — Foto: André Durão
Por fim, Matheus Ferraz e Lucca também não estiveram em bom dia. Longe disso. O zagueiro parece ter sentido o ritmo, após o período de inatividade por conta da lesão, e cometeu falhas bobas, que podiam ter acabado em gols do adversário.
Já o atacante voltou a repetir velhos erros: de passes, cruzamentos e finalizações sem mira. Apesar de ser uma opção constante de Roger, assim como já era de Marcão, viu seus companheiros, mais uma vez, pedirem passagem – não só os reforços, como Biel.
Lucca em ação pelo Fluminense contra o Madureira — Foto: LUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C.
Em meio aos experimentos, Roger viu velhos conhecidos repetirem desempenho aquém, mas caras novas mostrarem serviço e virarem alternativas para sequência de jogos. Mas será que não era jogo para também testar mais atletas jovens? João Neto e Jefté foram relacionados pela primeira vez, mas só o atacante estreou, Miguel não saiu do banco, Metinho sequer esteve na lista… Assim como Gabriel Teixeira, outros podem virar opções interessantes.
Com a vitória, o Fluminense terminou a Taça Guanabara em segundo lugar, com 22 pontos, e pegará a Portuguesa nas semifinais. Antes, porém, enfrentará o Santa Fe, pela segunda rodada da Libertadores. O jogo acontece quarta-feira, às 21h (de Brasília), no estádio Metropolitano de Techo, em Bogotá, capital da Colômbia.