Formação testada contra o Botafogo, mas de olho no River, não faz o Fluminense convencer
Tricolor perde criação, poder de fogo e vence clássico na bola parada antes de iniciar a Libertadores.
Assim como o River Plate, o Fluminense também venceu seu último jogo antes da estreia na Libertadores. Porém, enquanto os argentinos golearam o Central Córdoba por 5 a 0, o Tricolor derrotou o Botafogo com o placar magro de 1 a 0 e uma atuação para lá de burocrática no Maracanã. Nitidamente, Roger Machado testou no clássico uma formação que planeja usar na próxima quinta-feira, com a trinca de volantes Wellington, Martinelli e Yago. Mas que não convenceu.
Fluminense criou muito pouco contra um frágil Botafogo — Foto: André Durão
É bem verdade que o Fluminense até controlou o jogo (foi para o intervalo com 63% de posse de bola) e não foi ameaçado nenhuma vez sequer ao longo dos 90 minutos. Porém, diante de um Botafogo muito fragilizado, não se pode atribuir essa facilidade defensiva ao possível sucesso da formação.
Por outro lado, ofensivamente, o time perdeu criação e poder de fogo. Apesar do pênalti claro sofrido por Kayky não marcado, o Tricolor teve apenas uma finalização no primeiro tempo, sete no segundo, e só duas chances de gol ao todo: a cabeçada certeira de Nino e a bomba de Wellington da entrada da área.
O futebol, porém, é um esporte onde não necessariamente precisa jogar bem para ganhar. Com o esquema com três volantes, o Fluminense povoa o meio de campo e diminui os espaços, podendo fazer um duelo bastante truncado contra um River que costuma explorar bastante a subida de seus laterais. Em uma partida com poucas chances de gol, a bola parada vira a principal arma, e o Tricolor conta com Nenê como especialista na batida e zagueiros fortes pelo alto, como foi no clássico.
Scout – Fluminense x Botafogo
Quesito | Fluminense | Botafogo |
Posse de bola | 51% | 49% |
Finalizações | 8 | 7 |
Chances claras* | 2 | 0 |
Faltas | 19 | 15 |
Impedimentos | 0 | 1 |
Será essa a melhor estratégia para enfrentar o temido River no Maracanã? O resultado é que dirá, e isso só saberemos no fim da noite de quinta-feira. Mas alguns ajustes podem ser feitos por Roger Machado para tentar aumentar o poder de fogo da equipe. Por exemplo:
Martinelli x Yago
Contra o Botafogo, Yago foi quem teve mais liberdade da trinca para atacar. Mas além de não conseguir ser produtivo como meia, ocupou um espaço ofensivo que vinha sendo bem explorado nos últimos jogos por Martinelli, que ficou mais fixo no clássico. Uma inversão de papel entre eles já pode dar uma nova cara ao setor criativo.
Yago foi o “volante mais meia” da trinca no meio de campo — Foto: Mailson Santana / Fluminense FC
Qual torcedor tricolor não se lembra da estratégia usada por Odair Hellmann para enfrentar o Atlético-MG, então líder do Campeonato Brasileiro, no Mineirão no ano passado? Foi com uma trinca de volantes e um ataque mais leve, com dois velocistas de ponta, Luiz Henrique e Pacheco. A tática deu certo, o Fluminense jogou bem e foi o primeiro time a pontuar na casa do galo. Contra o Botafogo, com Nenê e Fred e sem Luiz Henrique, a única válvula de escape era Kayky pela direita.
Kayky foi a única válvula de escape do time no ataque — Foto: André Durão
Mexidas tardias
Mesmo com a atuação apática do time no primeiro tempo, quando deu só um chute em 47 minutos, Roger não fez substituições no intervalo. Suas primeiras mexidas foram aos 21 do segundo tempo, quando lançou Cazares, Gabriel Teixeira e Samuel Xavier nos lugares de Kayky, Yago e Calegari, respectivamente. O novo esquema com dois meias, Cazares e Nenê, ficou só 13 minutos em campo, até o técnico sacar Nenê para a entrada de Hudson aos 34. Fred também saiu junto, mas o ataque mais leve, com John Kennedy e Gabriel Teixeira, jogou por apenas 15 minutos.
Roger demorou a mexer no time e mudou esquema só durante 13 minutos — Foto: André Durão
Por Thiago Lima — Rio de Janeiro
G1
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