Para diminuir filas, primeiro dia de intervenção no BRT no Rio é marcado por improvisos

Aglomeração dentro do BRT é a rotina no transporte do Rio de Janeiro. Intervenção é para diminuir superlotaçao nos ônibus

Aglomeração dentro do BRT é a rotina no transporte do Rio de Janeiro. Intervenção é para diminuir superlotaçao nos ônibus Foto: Brenno Carvalho / O Globo – 15.03.2021

primeiro dia da intervenção no sistema BRT foi marcado por improvisos. Para tentar diminuir as filas e reduzir aglomerações, a prefeitura usou ônibus comuns em uma linha expressa entre Santa Cruz e o terminal Alvorada, no corredor TransOeste. A operação teve que ser cercada de cuidados, admitiu a secretária municipal de Transportes, Maina Celidonio, já que os articulados são mais pesados, por isso levam mais tempo para parar do que coletivos comuns.

– A operação é adotada com cautela. Em alguns trechos, por precaução, circulam em velocidade reduzida. Isso é possível também porque a quantidade de ônibus em operação é pequena – disse a secretária.

Interventora do BRT, Cláudia Secin, disse ter detectado problemas simples e de baixo custo que impedem alguns coletivos a circular.

– Pelo menos seis ônibus estavam sem circular por falta de uma cola especial para fixar para-brisas. Com R$ 3.300 esses ônibus vão voltar a circular em 48 horas – disse Cláudia.

Ela acrescentou ainda que, enquanto não recuperar a frota, a estratégia de usar ônibus comuns será mantida nos horários do rush. Agora à tarde serão 30 coletivos comuns e na quarta-feira serão 40 no percurso Alvorada – Santa Cruz.

O prefeito Eduardo Paes, em visita ao centro de operações do BRT, no Terminal Alvorada, disse que não é possível esperar que o serviço retorne ao padrão de quando foi inaugurado a curto prazo, e ressaltou que, ao contrário da intervenção feita na gestão do ex-prefeito Marcelo Crivella, desta vez o sistema não será devolvido aos atuais operadores. A ideia, segundo ele, é licitar o sistema.

– Queremos que a operação volte a ser feita com dignidade, rapidez e conforto. Mas as melhorias não seriam sentidas do dia para a noite. Órgãos da prefeitura vão ajudar no planejamento e na recuperação das estações – disse Paes.

Prejuízo mensal de R$ 4 milhões, segundo empresários

No decreto que determinou a intervenção, Paes deixa em aberto a possibilidade de a prefeitura entrar com recursos para recuperar os corredores de BRTs. Os recursos podem ser ressarcidos no futuro, conforme a arrecadação de todo o sistema. Os empresários alegam que a operação tem um prejuízo acumulado de R$ 200 milhões, sendo R$ 4 milhões por mês. Por enquanto, a prefeitura não tem um orçamento fechado sobre quanto vai custar para recuperar todos os corredores em operação, mas prometeu que vai terminar a obra do corredor TransBrasil.

O BRT chegou a ter uma frota operacional de cerca de 400 veículos e a transportar mais de 400 mil passageiros por dia. Com a degradação do sistema, hoje o número de usuários caiu para menos da metade e apenas 140 carros estão em condições de circular. A interventora do sistema afirmou nesta terça-feira que fará um redimensionamento da frota com base na demanda atual:

– A gente fará uma avaliação do estado da frota e o que pode ser recuperado a curto e médio prazos. Ainda não sabemos a quantidade de coletivos necessários para um bom serviço – disse Cláudia.

Dificilmente, porém, a prefeitura vai comprar novos ônibus. A responsabilidade ficaria para a empresa que ganhar a licitação do sistema. O município ainda estuda se fará um processo único ou integrado com todos os corredores, inclusive o BRT TransBrasil, ainda em obras. No TransOeste, o plano da intervenção inclui traçar um cronograma de recuperação da calha.

– O BRT TransBrasil ainda tem outras questões de projeto que sequer estavam resolvidas quando assumimos. Não havia definição nem de onde chegaria no Centro e há um trecho de seis quilômetros sem estações. Também faltam construir os terminais de integração – acrescentou Eduardo Paes.

ESTRA

RANOTÍCIAS

Deixe uma resposta