Rio – Os prefeitos do Rio, Eduardo Paes, e de Niterói, Axel Grael, anunciaram, na tarde desta segunda-feira, que os dois municípios vão adotar restrições mais duras durante o ‘superferiadão’ de dez dias – que está previsto para acontecer de sexta-feira (26) até o Domingo de Páscoa (4). A decisão acontece com base nas recomendações dos comitês científicos do Rio e de Niterói, que orientaram novas medidas de combate à pandemia da covid-19.
“Eu tenho muita convicção que os prefeitos são aqueles que estão mais próximos das pessoas. Ninguém aqui é alarmista. Se dependesse de determinados setores as praias estariam fechadas desde janeiro e se dependesse de outros setores não fecharíamos nada. E todas as nossas medidas são pra preservação de vidas. A gente fez de tudo para não tomar essas medidas, mas elas são necessárias”, afirmou Paes.
O Secretário de Saúde do Rio, Daniel Soranz, informou que as medidas adotadas têm o objetivo de salvar vidas. “A gente tem quase 670 pessoas esperando na fila de um leito. A taxa de ocupação de leitos de UTI está próximo de 100%. A gente sabe que são medidas muito duras, mas são medidas essenciais para salvar a vida das pessoas. Se essas medidas forem tomadas agora, elas poderão salvar muitas vidas”.

Eduardo Paes comunicou que o feriado decretado não antecipa feriados nacionais e municipais e alertou que não são dez dias livres de lazer. “Eu não chamaria nem de feriado, chamaria de medidas de preservação da vida. Queria pedir para os cariocas, e isso vale para os niteroienses também, não achem que é momento de feriado, ou um superferiado, porque quem ficar indo para outras cidades do estado, a Região dos Lagos, Região Serrana, vai estar contribuindo para que a vida nessas cidades piore. Não é momento para organizar viagem de dez dias, não estamos em feriado de lazer”.
 
Não poderão funcionar:

. Shoppings;
. Bares, lanchonetes e restaurantes (só podem funcionar no esquema drive thru ou entrega);
. Boates;
. Danceterias;
. Museus;
. Galerias;
. Bibliotecas;
. Academias de ginástica;
. Salões de cabelereiro;
. Clubes;
. Quiosques;
. Parques de diversão;
. Escolas;
. Universidades;
. Creches;
. Eventos esportivos (incluindo jogos de futebol);
. Permanência nas praias (exceto atividades físicas individuais).
 
Poderão funcionar:

. Supermercado;
. Farmácia;
. Transporte;
. Comércio atacadista;
. Pet shop;
. Lojas de material de construção;
. Locação de carros;
. Serviços funerários;
. Bancos;
. Serviços médicos;
. Mecânicas e loja de autopeça;
. Hotelaria, com serviço de alimentação restrito a hospedes;
. Igrejas;
. Postos de combustíveis.
 
Rede de solidariedade

O prefeito do Rio também pediu que as pessoas ajudem o comércio local durante o período de dez dias de feriado decretado.
Divergências entre lideranças
 
Na manhã de domingo (19), Paes e Grael se reuniram com Claudio Castro para discutir novas medidas, mas nenhuma decisão foi tomada. O governador em exercício quer permitir o funcionamento de bares e restaurantes e fechar apenas as escolas. Já os prefeitos decidiram aplicar restrições mais duras ao funcionamento de serviços não essenciais.
 
O infectologista Alberto Chebabo, que também estava na reunião, confirmou que as medidas tomadas pelas prefeituras não vão de encontro das determinações de Castro. Daniel Becker explicou que foi um consenso entre todos os membros do comitê em sugerir fortemente o lockdown em ambos os municípios.
“Estamos na pontinha do precipício da situação de colapso e isso não é grave em relação a quem tem covid é grave para todo mundo que precisar de atendimento médico em um hospital”, disse. Segundo Becker, há risco iminente de falta de insumos, principalmente para intubação de pacientes em UTI.

 
Na tarde desta segunda-feira, Eduardo Paes, se referiu às medidas sugeridas pelo governador em exercício, Cláudio Castro, como ‘CastroFolia’. Paes e Castro tem visões diferentes de como as medidas devem se aplicadas, ao lado do prefeito de Niterói, Axel Grael, é a favor de restrições mais duras, como o fechamento do comércio não essencial. Castro, no entanto, tende a apoiar medidas mais brandas permitindo a abertura de bares e restaurantes e fechando apenas as escolas.
“As medidas que nós estamos tomando tem muita convergência com a do governador, mas não achamos que são suficientes para as nossas cidades”, afirmou Grael.
“Eu respeito a visão dele [do governador]. Discordo, mas respeito. O único problema é que ela de certa maneira impacta a vida dos meus munícipes e dos munícipes do Axel também”, afirmou Paes na coletiva de imprensa.
A divergência pública entre prefeitura e governo é a primeira desde que Paes assumiu o mandato, em janeiro. À época, Paes e Castro eram alinhados nas estratégias de combate à pandemia. Ambos defendiam que o lockdown era uma ideia descartada naquele momento, e focaram na abertura de leitos na rede pública. Em um encontro, Castro admitiu que um de seus primeiros votos na vida política foi em Eduardo Paes, para vereador, em 1996.
 
POR KAREN RODRIGUES*
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