Mais mulheres com CNPJ
A pesquisa também mostrou que, desde 2012, aumentou em cerca de 1,2 milhão o número de mulheres ocupadas como empregadoras ou conta própria com CNPJ. Entre os homens, esse aumento foi de 1,5 milhão.
Embora em números absolutos o crescimento de empregadores e conta própria com CNPJ tenha sido maior entre os homens, proporcionalmente foi entre as mulheres que mais cresceu. O aumento entre elas doi de 59%, enquanto entre eles, de 33%.
“Não podemos dizer que são todos empreendedores só porque têm CNPJ. Esse aumento pode ter acontecido em ocupações mais elementares, no sentido de buscarem uma forma de se ocupar formalmente no mercado sem que isso reflita em remuneração maior”, apontou Simões.
Presença feminina em cargos de gerência tem 2ª queda seguida
Apesar de ter aumentado a participação de mulheres no mercado de trabalho e a proporção daquelas que têm CNPJ, a presença feminina em cargos gerenciais teve a segunda queda anual seguida. Ainda assim, ela segue maior que a observada em 2012.
Mulheres são minoria em cargos de maior complexidade e melhor remunerados, segundo o IBGE — Foto: Economia/G1
Segundo o analista do IBGE André Simões, existem “barreiras estruturais” impedindo que a mulher ocupe postos de maior complexidade e, consequentemente, de maior remuneração.
“São muitas as barreiras. Na esfera cultural, a mulher ainda é vista como a pessoa que deve assumir a função reprodutiva e de cuidados domésticos, enquanto os homens ainda são encarados como os provedores do lar”, avaliou Simões.
A menor presença feminina nos cargos de direção e gerência vai na contramão do nível de instrução, segundo o IBGE. Isso porque, em 2019, na população com 25 anos ou mais, 19,4% das mulheres tinham curso superior completo, enquanto entre os homens esse percentual foi de 15,1%.
A formação superior sequer garantia às mulheres maior acesso aos cargos dentro do próprio ambiente acadêmico. No mesmo ano, elas representavam menos da metade (46,8%) dos professores de instituições de ensino superior no país.
Mulheres seguem ganhando menos que os homens
Em 2019, a remuneração média das mulheres foi R$ 1.985, cerca de 22% menor que a média dos homens, que foi de R$ 2.555. Esses valores correspondem apenas à média do rendimento habitual de todos os trabalhos, ou seja, não incluem outros rendimentos como pensão ou auxílios do governo, por exemplo.
Segundo o IBGE, a remuneração das mulheres foi menor em todas as faixas etárias. A menor diferença foi observada no grupo entre 14 e 29 anos – 10% a menos que os homens da mesma faixa de idade. Já no grupo de 60 anos ou mais, essa diferença saltou para 36%.
Entre os principais grupos ocupacionais, as mulheres só tiveram salários maiores que os homens quando membros das Forças Armadas, policiais e bombeiros militares – em média, elas receberam 5% a mais que os homens ocupando os mesmos cargos.
Em cargos de diretoria e gerência, a remuneração das mulheres foi, em média, 38% menor que a dos homens nos mesmos postos de trabalho. Percentual de diferença semelhante foi observado entre profissionais das ciências e intelectuais, trabalhadores dos serviços, vendedores dos comércios e mercados e, também, entre operários e artesões da construção, das artes mecânicas e outros ofícios – nestes três ramos elas recebiam 36% menos que os homens.
Mulheres seguem ganhando menos que os homens mesmo ocupando os mesmos cargos, aponta IBGE — Foto: Elcio Horiuchi/G1
Aumento de mulheres parlamentares
Ainda de acordo com o levantamento do IBGE, entre 2017 e 2020 aumentou de 10,5% para 14,8% a proporção de mulheres exercendo o cargo de deputada federal – um crescimento de 4,8 p.p..
Apesar deste aumento, o Brasil ainda tinha a menor proporção de mulheres deputadas federais na América do Sul. Em um ranking de 190 países, o país ocupava a 142º posição quanto à presença feminina no parlamento.
Já nas câmaras municipais, em 2020, 16,0% dos vereadores eleitos eram mulheres, 3 p.p. a mais que o registrado nas eleições de 2016.
O IBGE destacou, no entanto, que as mulheres pretas e pardas eram sub-representadas entre as mulheres eleitas. Enquanto elas constituíam, respectivamente, 9,2% e 46,2% das mulheres na população, alcançaram 5,3% e 33,8% das cadeiras obtidas pelas mulheres nas eleições municipais.