Consórcio do BRT divulga nota em que questiona interventor nomeado por  Crivella para o sistema - Jornal O Globo
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Rio – A ‘caixa preta’ das empresas de ônibus será finalmente aberta. É o que garante o prefeito Eduardo Paes, que anunciou nesta quarta-feira (3) que a prefeitura irá assumir o controle temporário do BRT. O município vai retirar o contrato da atual concessionária e deve fazer uma nova licitação. A bilhetagem eletrônica nos ônibus, feita pela concessionária, também mudará de mãos.
No BRT, o processo de transição entre a atual administradora e a prefeitura deve ser concretizado em até quatro semanas, segundo Paes. A partir daí, o município deve nomear um executivo para liderar o processo. Para o prefeito, responsável pelo início da operação do BRT na cidade, ainda na primeira gestão, em 2012, a concessionária atualmente “opera mal” e trata a população “como gado”.
“Desde a campanha eleitoral temos tratado de maneira enfática o colapso do sistema de transporte de ônibus e BRT. O que a gente vem constatando há alguns anos é no chamado SPPO, os ônibus urbanos, que vive um sumiço de linhas. Hoje, 40% delas estão desaparecidas. Áreas da cidade estão descobertas, desprovidas de serviço de transporte. Em paralelo, completa ausência de ônibus prestando serviço noturno”, comentou o mandatário.
 
Paes: Crivella ‘destruiu o que havia sido feito’
Durante a coletiva, o prefeito reforçou que a intervenção da prefeitura no BRT não será nos mesmos moldes daquela feita pelo ex-prefeito Marcelo Crivella, em janeiro de 2019. Na época, em uma tentativa de recuperar o sistema, com estações vandalizadas, calotes e modais superlotados, a gestão de Crivella assumiu durante sete meses a administração do BRT, para então devolver à Rio Ônibus. Apesar da intervenção, os problemas continuaram. No início de fevereiro, funcionários do BRT paralisaram as operações contra o atraso de salários. O estado de greve gerou superlotação e confusão nas estações.
 
“(O que muda é que) o prefeito agora é o Eduardo Paes. (Crivella) não era uma pessoa capaz, nem muito focada em resultados. O que ele fez foi destruir o que havia sido feito. Estamos retirando da concessão. Aquela intervenção que ele fez foi retirar e dar para os mesmos concessionários. Estamos tirando das concessionárias o poder sobre o BRT. Eles operam mal e tratam a população como gado”. Segundo cálculos da atual secretaria de Transportes, o BRT começou a operar em 2012 com 400 ônibus. Atualmente, são cerca de 200.
Nova licitação na bilhetagem eletrônica
 
Outro anúncio feito por Paes é que a bilhetagem eletrônica dos ônibus, o RioCard, também vai deixar de ser controlado pelas concessionárias. A prefeitura fará outra licitação para um terceiro ente assumir o controle do sistema, a fim de dar “mais transparência”, segundo o prefeito, às informações das empresas de ônibus.
“A bilhetagem eletrônica vai deixar de ser uma exclusividade das concessionárias. Nós vamos sair do RioCard, deixar de usá-lo e fazer uma nova licitação para fazer essa bilhetagem com total transparência e comando da prefeitura. Na famosa ‘caixa preta’ dos sistemas de ônibus, a prefeitura vai ter total controle. Hoje, como o RioCard pertence às concessionárias, temos informações, mas essa informação é prestada por eles. Sequer conseguimos auditar”.
 
Procurados, o BRT Rio e o Rio Ônibus informaram que não vão se pronunciar no momento.
 
POR YURI EIRAS
Por: O Dia
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