Por que não teve “lockdown” durante a campanha eleitoral?

O prefeito de Campos, Wladimir Garotinho, decretou, nesta segunda-feira (17), novo lockdown na cidade, fazendo com que o maior município do interior do Estado retroagisse para a fase laranja. Desta forma, o comércio será fechado, embora parte dele funcionará nos sistemas delivery e take away, assim como igrejas, salões de beleza, academias, etc.

Considerada necessária para uns e drástica para outras, a medida gera polêmica. E essa polêmica se torna ainda mais evidente quando os eleitores se perguntam: por que não teve lockdown durante a campanha eleitoral?

Vamos tentar buscar respostas nos números. Segundo a prefeitura de Campos, no dia 23 de novembro de 2020, a cidade tinha 10.298 casos confirmados da doença. Naquela ocasião, eram 460 mortes confirmadas. Cabe lembrar que estamos falando do “olho do furacão” do segundo turno da campanha eleitoral, período em que os dois candidatos a prefeito da cidade percorriam quilômetros afora em corpo a corpo com o eleitorado e, claro, ao lado da militância querida. Apesar de todos, sem execeção, os candidatos terem agido na campanha eleitoral como se não houvesse pandemia, importante ressaltar que quem tinha autonomia para decretar ou não o lockdown era o então prefeito Rafael Diniz. 

Basta darmos uma olhada no google para encontrarmos fotos e vídeos de candidatos literalmente abraçados com o eleitorado. Isso sem contar que, durante os quase 60 dias de campanha eleitoral, quase nenhum candidato ousava mencionar a expressão lockdown, afinal de contas a medida é drástica, impopular. Decerto, não resultaria em votos.

Voltando aos números, no último sábado (16), a prefeitura, já no novo governo, informou que o número de casos confirmados da doença na cidade era de 16444, enquanto, o número de óbitos confirmados era 586. Ou seja, aumento de 59,69% no número de casos confirmados da doença e 27,39% do número de mortes em quase dois meses. Numa conta rápida e simples, teremos 2,29 mortes por dia, em média, na cidade. Isso, claro, incluindo as famigeradas festas de fim de ano (Natal e Ano Novo) tão mencionadas como as “grandes responsáveis” pelos números atuais.

Apesar deste editorial abordar tão somente números de Campos, essa realidade não acomete só a maior cidade do interior Fluminense. Outras cidades Brasil afora também “resolveram” adotar o lockdown após a campanha eleitoral. Belo Horizonte é um caso, por exemplo. Por lá, a situação também teve um aumento considerável e preocupante. Longe deste jornal querer dizer se os governantes devem ou não adotar a medida mais radical de todas. Além de provocar o debate saudável perante a sociedade, o objetivo é trazer à luz as consequências de uma medida extrema, que impactará negativamente na saúde mental, espiritual e financeira de cada indivíduo, isso sem contar, claro, na economia de uma cidade  pobre, falida, que tem 1,5 bi em dívidas acumuladas nos últimos anos.

Por: N.U.

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