‘Rafael Alves agia a mando de Crivella’, diz investigador do Ministério Público
Agentes do MPRJ e da Polícia Civil afirmam que o prefeito Marcelo Crivella é o líder de uma organização criminosa que arrecadou R$ 53 milhões em propina.
Os investigadores do Ministério Público estadual (MPRJ) e da Polícia Civil afirmaram, em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira, que o suposto grupo criminoso que agia na Prefeitura do Rio, com o aval do prefeito Marcelo Crivella, usou o momento de crise financeira da prefeitura, com períodos mais severos em 2017 e 2018, como oportunidade para arrecadar propina de empresários, que variavam de 3% a 5% sobre valores de restos a pagar ou sobre licitações fraudulentas e contratos com a administração municipal. Os investigadores apuraram R$ 53 milhões em pagamentos de propinas.
“Um exemplo: se eles tinham 100 milhões a pagar e só tinham 70 milhões em caixa, foram aos empresários que tinham dinheiro a receber da prefeitura (restos a pagar) para saber quem estava disposto a pagar propina ao grupo para receber os valores de forma prioritária. Assim foi feito. E constatamos pagamentos sem qualquer lógica de prioridade, inclusive referentes a gestões anteriores, em detrimento até mesmo de organizações sociais que estavam administrando hospitais e não recebiam”, disse Carlos Eugênio Greco, promotor de Justiça assistente do Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça (Gaocrim/MPRJ).
Segundo os investigadores, foi apurado, com exatidão, a movimentação financeira de R$ 53 milhões em vantagens indevidas. As investigações tiveram início em 2018 e, de acordo com os agentes, o esquema teve início em 2016, como forma de arrecadar dinheiro para a campanha de Marcelo Crivella à Prefeitura do Rio e depois prosseguiu, durante o seu mandato, para enriquecimento pessoal dos envolvidos no esquema.
Segundo os investigadores, foi apurado, com exatidão, a movimentação financeira de R$ 53 milhões em vantagens indevidas. As investigações tiveram início em 2018 e, de acordo com os agentes, o esquema teve início em 2016, como forma de arrecadar dinheiro para a campanha de Marcelo Crivella à Prefeitura do Rio e depois prosseguiu, durante o seu mandato, para enriquecimento pessoal dos envolvidos no esquema.
Ainda de acordo com os investigadores, o esquema era coordenado pelo empresário Rafael Alves, que mantinha uma sala dentro da RioTur para negociar pagamento de propina com os empresários, mesmo sem ter nenhum vínculo formal com a prefeitura, seja como funcionário público ou funcionário. Porém, apesar disso, tinham penetração para intermediar pagamentos a empresários, mediante propina, em todas as secretarias do governo municipal. De acordo com os agentes do MPRJ e Polícia Civil, Rafael Alves “agia a mando do prefeito Marcelo Crivella”.
“A organização criminosa começa a agir antes mesmo da ascensão de Crivella à prefeitura. Ela começa na campanha, com o aliciamento de empresários objetivando vantagens futuras na prefeitura mediante pagamento de propina. Tudo isso com a liderança de Marcelo Crivella, que agia por intermédio, principalmente, de Rafael Alves, que, já após a eleição, tinha poderes para interferir em diversas camadas da administração pública, oferecendo vantagens a empresários em troca de propina”, explicou Ricardo Ribeiro Martins, subprocurador-geral de Justiça de Assuntos Criminais e Direitos Humanos.
Segundo Ricardo Martins, ainda não foi possível identificar quanto cada membro da organização recebeu em benefício próprio: a fatia de cada um no montante de R$ 53 milhões apurado. No entanto, ele afirmou que a prisão preventiva de Marcelo Crivella, de Rafael Alves e de outros membros do chamado “grupo rígido” da organização criminosa foi necessária diante do fato de o grupo ter prosseguido na prática dos crimes mesmo após duas operações de busca e apreensão, uma antes da pandemia e outra em setembro.
“O esquema prosseguiu e temos certeza que, sem a prisão preventiva, ele prosseguiria após o prefeito deixar o cargo, em crimes de lavagem de dinheiro e ocultação de bens, pois os membros da organização sabiam que havia investigações em curso”, disse Ricardo Martins.
CELULAR DE OUTRA PESSOA
Outro fato que, para os investigadores, deu base para o pedido de prisão preventiva de Crivella foi a entrega aos agentes de um celular por parte do prefeito, durante a operação de busca e apreensão, em setembro, que não o pertencia. Segundo os agentes, a ação constituiu tentativa de atrapalhar as investigações, um dos requisitos para a concessão da prisão preventiva.
POR BERNARDO COSTA
O DIA
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