O carro de Crivella, deixa o condomínio onde mora na Barra, escoltado por carros da Polícia Civil Estefan Radovizs
Três dos seis presos foram levados para a Delegacia Fazendária, na Cidade da Polícia, no Jacaré, na Zona Norte do Rio: Marcelo Crivella, Rafael Alves e Mauro Macedo. Os outros três presos não tinham chegado à delegacia até as 7h40.
Ao chegar à Cidade da Polícia, Crivella disse que é vítima de uma “perseguição política” e pediu “justiça”. “É perseguição política. Lutei contra o pedágio ilegal, injusto. Tirei recurso do carnaval, negociei o VLT. Fui o governo que mais atuou contra a corrupção no Rio de Janeiro”, disse. Questionado sobre qual sua expectativa agora, o prefeito respondeu que espera justiça.
A decisão que levou às prisões é da desembargadora Rosa Helena Penna Macedo Guita. Os mandados foram cumpridos pela Coordenadoria de Investigação de Agentes com Foro (CIAF) da Polícia Civil e do Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça (Gaocrim), do Ministério Público do Rio.
“O Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça (GAOCRIM/MPRJ) confirma que realizou operação na manhã desta terça-feira, em conjunto com a polícia civil, para cumprir mandados de prisão contra integrantes de um esquema ilegal que atuava na Prefeitura do Rio. Em razão do sigilo decretado pela Justiça, não podem ser fornecidas outras informações”, informou o MPRJ por meio de nota.
Investigação começou com delação premiada de doleiro
A investigação teve como ponto de partida a delação premiada do doleiro Sérgio Mizrahy, preso na Operação Câmbio Desligo, um dos desdobramentos da Lava Jato fluminense, realizada em maio de 2018. Veio dele a expressão QG da Propina para se referir ao esquema, que teria como operador Rafael Alves, homem forte da prefeitura apesar de não ter cargo oficial. Ele é irmão do ex-presidente da Riotur, Marcelo Alves, exonerado do cargo em março de 2020 a pedido dele próprio.
O suposto QG funcionaria assim, de acordo com o delator: empresas interessadas em trabalhar para o Executivo carioca entregavam cheques a Rafael, que faria a ponte com a prefeitura para encaminhar os contratos. O esquema também funcionaria no caso de empresas com as quais o município tinha dívidas – aqui, o operador mediaria o pagamento. As propinas seriam negociadas em uma sala na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, sede da Riotur.
Rafael Alves e Mauro Macedo não deram declarações ao chegarem à Cidade da Polícia. Um mandado de busca e operação está sendo cumprido em Angra dos Reis. Os investigadores buscam uma lancha de 77 pés que pertence ao empresário Rafael Alves.
Crivella foi alvo de operação em setembro
No dia 10 de setembro de 2020, a Polícia Civil e o Ministério Público estadual (MPRJ) fizeram uma operação contra irregularidades em contratos firmados com a Prefeitura do Rio. Na ocasião, foram 22 mandados de busca e apreensão, cumpridos em endereços ligados ao prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), servidores, empresários e à administração municipal.
Um dos celulares e um pendrive de Crivella foram apreendidos naquele dia.
Os mandados para a ação foram autorizados pelo 1º Grupo de Câmaras Criminais do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ). Dentre os endereços alvos, estavam a residência de Crivella, na Península, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, o Palácio da Cidade, residencial oficial da prefeitura, em Botafogo, na Zona Sul, e o Centro Administrativo São Sebastião, sede do Executivo Municipal, na Cidade Nova.
POR LUANA BENEDITO
O Dia
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