Morte de Paulinho mostra importância do Roupa Nova na música brasileira
Vocalista e percussionista do grupo faleceu aos 68 anos, após parada cardiorrespiratória em decorrência da contaminação por covid-19.
Rio – A morte do cantor Paulinho, do Roupa Nova, abre uma lacuna na música popular brasileira. O que Paulo César dos Santos, morto aos 68 anos nesta segunda-feira, e seus cinco companheiros, Serginho Herval, Ricardo Feghali, Kiko, Nando e Cleberson Horsth realizaram ao longo de pouco mais de 40 anos de banda (a partir da adoção do nome Roupa Nova, sugerido pelo produtor Mariozinho Rocha), um feito enorme por si só, entrou para a história da MPB. E para a história afetiva e pessoal que milhões de brasileiros têm com o grupo desde o primeiro álbum, de 1981. As músicas do Roupa Nova, sucessos incontestes, embalaram romances, festas, comemorações e significavam, principalmente, alegria.
Nestas quatro décadas com Paulinho, lançaram uma coleção de hits, canções que fizeram parte do imaginário coletivo desde os anos 80. ‘Sapato Velho’, ‘Bem Simples’, ‘Dona’, ‘Lumiar’, ‘Não Dá’, ‘Anjo’, ‘Whisky-a-Go-Go’ (talvez a canção não-oficial das festas de casamento) ‘Chuva de Prata’, ‘Linda Demais’, ‘Bem Maior’, ‘Coração Pirata’, ‘Clarear’, e muitas outras. A azeitada mistura de rock, com elementos do progressivo, e MPB conquistou um público fiel, que lotava shows Brasil afora, com mais de 20 milhões de álbuns vendidos.
As parcerias se estenderam a outros gigantes em gêneros variados, tanto aqui quanto lá fora. Paulinho cantou com Roberto Carlos a Ivete Sangalo, com Rita Lee a Ney Matogrosso, com Steve Hackett (do Gênesis) a David Coverdale, do Deep Purple. Em 2009, gravaram um disco no mítico estúdio Abbey Road, conhecido por ser ‘o lar dos Beatles’, uma das grandes influências do grupo. Década a década, novas gerações se encantavam com a beleza e as cativantes canções da banda, misturando-se à plateia com quem era jovem na década de 80. E o Roupa Nova seguia renovado e renovando.
O último lançamento do Roupa Nova, uma regravação de ‘Seu Jeito, Meu Jeito’, dueto com o cantor Daniel, foi em agosto desse ano, um mês antes de Paulinho ser internado em setembro para um transplante de medula óssea para tratar um linfoma. Em novembro, Paulinho foi contaminado pela covid-19 e, após um mês, não resistiu ao sofrer parada cardiorrespiratória.
A gravação de um DVD que comemoraria os 40 anos do grupo estava marcada para 21 de março do ano que vem, na Jeunesse Arena, na Barra da Tijuca. Uma contagem exibida no site oficial marcava a data, possivelmente incerta daqui para frente. Em uma postagem recente no Instagram oficial do grupo, os outros integrantes lamentaram e deram adeus ao companheiro: “As luzes do palco se apagaram”.
Paulinho deixa dois filhos: Pepê, baterista da banda Jamz, revelada no programa SuperStar da Globo, e a cantora Twigg.
POR: O DIA
RANOTÍCIAS