Após homem negro ser morto em Porto Alegre ontem, hoje, dia da Consciência Negra, manifestações ocorrem pelo país

Vídeo: Após homem negro ser morto, ativistas fazem protesto no Carrefour da Barra no Rio de Janeiro.

Manifestantes pedem Justiça para João Alberto, que foi espancado e asfixiado por um PM e um segurança em uma unidade do mercado em Porto Alegre.

Manifestantes da Barra da Tijuca usam cartazes para protestar contra morte de homem negro em um supermercado Carrefour de Porto Alegre - Lucas Cardoso

Manifestantes da Barra da Tijuca usam cartazes para protestar contra morte de homem negro em um supermercado Carrefour de Porto Alegre.

Rio – Cerca de 200 manifestantes fazem um protesto no Carrefour da Barra da Tijuca, na Zona Oeste, após a morte de um homem negro, identificado como João Alberto Silveira Freitas, em uma unidade do supermercado em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A reportagem do DIA, que está no local, filmou o momento em que os presentes gritam “racistas não passarão”, enquanto carregam cartazes com dizeres como “sem luta, sem paz”, “Carrefour assassino”, entre outros. O protesto consistiu em lotar carrinhos com produtos variados e bloquear os caixas. Uma cliente do supermercado chegou a ligar para a polícia por não conseguir passar as compras. Os seguranças do estabelecimento observaram a movimentação. Alguns manifestantes aproveitaram equipamentos de som à venda no mercado para colocar a mensagem “não comprem, não colaborem com um mercado racista”.

Por volta das 18h10, os manifestantes pediram a liberação dos funcionários do estabelecimento. Após um breve momento de tensão envolvendo o gerente do Carrefour Barra, que pediu aos funcionários que arrumassem a loja antes da dispensa, o que foi recusado pelos manifestantes, o homem cedeu e concordou em dispensar a equipe na parte de trás da loja, onde há o relógio de ponto.

Os manifestantes negociaram a saída junto ao gerente, para evitar represálias. A Polícia Militar acompanha o ato com cinco viaturas e homens da cavalaria da corporação. Os ativistas combinaram que o gerente deixará o local primeiro e, após, clientes brancos e os ativistas negras, todos em blocos.
No local, estão artistas como Tico Santa Cruz, o rapper ‘BK’, Pretinho da Serrinha e Nego do Borel. Em um dado momento, os protestantes colocaram para tocar a música “Olho de Tigre”, do rapper mineiro Djonga.
Manifestante deita para protestar contra a morte de João Alberto Silveira Freitas - Luciano Belford / Agência O Dia
Manifestante se deita sobre o caixa do supermercado ao protestar pela morte de João Alberto Freitas/ foto: Luciano Belford
O ativista dos Direitos Humanos, Raull Santiago, morador do Complexo do Alemão também esteve no Carrefour. “A gente está aqui para dizer que basta. Isso só vai mudar de verdade se todo mundo trouxer a responsabilidade para si. Esse país é racista, é desigual, violento e precisa de uma mudança agora”, disse Raull.
Histórico desfavorável
O supermercado Carrefour já protagonizou outros escândalos antes de morte de João Alberto. Em agosto deste ano, um homem de 53 anos morreu enquanto trabalhava em uma loja da rede em Recife. Para não impactar as vendas, os funcionários da loja cobriram seu corpo com guarda-sóis e tapumes e só o retiraram quando o movimento da loja diminuiu, mantendo as vendas como se nada tivesse acontecido.
Um caso ocorrido em outubro de 2018 – mas que só veio à tona com imagens de segurança divulgadas em março de 2019 – também chamou a atenção pelo uso desproporcional de força direcionado a um negro – e que também era deficiente físico.
Luís Carlos Gomes abriu uma latinha de cerveja dentro de uma unidade da rede em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, e, ao ser questionado por funcionários da loja, disse que pagaria pelo produto. Em seguida, o homem, negro e deficiente físico, foi perseguido por um gerente da loja e por um segurança, encurralado e agredido dentro do banheiro da unidade.
No final de 2018, um segurança de uma unidade em Osasco agrediu e matou um cachorro com uma barra de ferro. Na ocasião, nenhum funcionário da loja socorreu o animal, que foi levado a uma clínica veterinária por uma pessoa que estava passando, e não sobreviveu. Manchinha, como era conhecido, era dócil e e abandonado e circulava pelo estacionamento do supermercado.
Neste momento, 19h de sexta-feira 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, supermercado da rede Carrefour é invadido por manifestantes na Capital paulista.

POR LUCAS CARDOSO

O DIA

RANOTÍCIAS

 

Deixe uma resposta