Ela é pré-candidata ao cargo de vereadora no Rio e mais uma vez sinônimo: a justiça ainda existe
Seis anos após ter sido condenada, agente que
afirmou que ‘juiz não era Deus’ tem decisão
favorável.
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Diz o ditado que: quem bate esquece, mas quem apanha…” pois é, acontece que o povo do Rio não suporta mais apanhar e ficar quieto e assim sendo, passados nove anos após vergonhoso episódio, Luciana Tamburini deixa de ser ré.
A sentença provavelmente seja uma demonstração disso, a não mais aceitação por parte dos cariocas para com as injustiças, infelizmente corriqueiras do dia a dia e talvez também por este motivo, a ex-agente de trânsito, teve o seu nome homologado em convenção partidária realizada no último dia (12), para concorrer há ocupar uma cadeira na Câmara de vereadores da cidade um dia chamada de maravilhosa. Não podendo ser diferente, Luciana Tamburini se lança candidata pelo partido tradicionalista PSL, o mesmo pelo qual se elegeu presidente da República do Brasil, Jair Bolsonaro, hoje gozando de grande popularidade entre os brasileiros.
Pois bem, seis anos após ser condenada a indenizar o juiz que lhe deu carteirada durante uma blitz, a agente de trânsito Luciana Tamburini deixou de ser ré no processo e não precisará pagar a indenização de R$ 5 mil ao magistrado João Carlos de Souza Correa.
O caso aconteceu no dia 12 de fevereiro de 2011. Na ocasião, a agente parou o juiz em uma blitz da Lei Seca, na Lagoa, Zona Sul do Rio. Ele fez o teste do bafômetro e não apresentou sinais de consumo de álcool. No entanto, estava sem carteira de habilitação e em um veículo sem placa. O magistrado argumentou que não sabia por quanto tempo podia andar com o carro antes de colocar aplaca, e Luciana disse: “Você é juiz e desconhece a lei?”.
A agente alegou que João Carlos tentou dar uma carteirada se apresentando como juiz e dando voz de prisão para ela. Ela então disse que ele poderia ser juiz, mas não era Deus e nem estava acima das leis vigentes. O magistrado entrou com processo contra Tamburini e em novembro de 2014,Luciana foi condenada a indenizá-lo.
“A população ficou do meu lado, teve uma mobilização. Fizeram vaquinha para eu pagar a indenização, mas não era só sobre pagar o valor”, conta. Luciana doou o dinheiro para duas instituições e persistiu no processo. “Todo mundo falava para eu indenizá-lo e me livrar logo disso. Eu acreditei e persisti”, completa.
Seis anos depois da sentença e nove anos após o episódio, a decisão foi reformada no último dia 9. Agora, favorável a Luciana e todos os agentes envolvidos. “Não me arrependo do processo, valeu a pena. Eu me sinto vitoriosa”, afirma.
Segundo a agente, ter insistido no processo trouxe consequências aos seus familiares. “Eu sofri e minha família sofreu. Uma tia advogada foi demitida do escritório em que trabalhava por conta do sobrenome. Eles alegaram que ela não teria decisões favoráveis nos tribunais porque o judiciário era corporativista”, diz.
Apesar da decisão favorável e dos casos recentes com grande repercussão—como o desembargador Eduardo Almeida Prado Rocha de Siqueira, que humilhou um guarda em Santos ao ser flagrado sem máscara durante a pandemia de covid-19 — Luciana acredita que as carteiradas não diminuíram.
“Hoje, com o celular, é mais fácil você denunciar, mas isso [carteirada] acontece todo dia, toda hora. De estudante de direito, advogado, juiz, promotor, procurador, desembargador, passando pelos filhos dos magistrados”, destaca. “É muito feio, porque são pessoas que deveriam dar o exemplo e não burlar a lei. O judiciário desestimula o servidor fazer o trabalho correto”, conclui Luciana.
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