Eis que o bicho pegou: ‘Se pode entrar em ônibus lotado, por que não pode praia?’, indaga banhista. Vídeo:
Cariocas e turistas resistem à orientação da
prefeitura de sair das areias e lotam praias no
feriado de Sete de Setembro.
Rio – Nem o sol entre nuvens ou guardas municipais que portavam cassetetes conseguiram afastar cariocas e turistas das praias da Zona Sul, neste feriado de Sete de Setembro. Mesmo com os agentes da Prefeitura orientando a desocupação da faixa de areia, os frequentadores, após serem abordados, somente mudavam de local.
Um decreto municipal liberou os ambulantes e o banho de mar na Fase 5 da flexibilização das normas na pandemia, mas proibiu a permanência na areia. “Posso pegar ônibus, metrô, trem lotado, mas não posso vir para a praia? Aqui na praia é o local que menos você pega (Covid-19), porque é um lugar aberto, tem o iodo da água e o sol. Então, basicamente você não pega Covid. E eu já peguei Covid”, afirmou Andréa Sales, 54, que trabalha como babá e é moradora de Vicente de Carvalho, na Zona Norte. A ação do sol ou do iodo ainda não foi confirmada no combate ao coronavírus, de acordo com o Ministério da Saúde.
Indagada sobre o seu posicionamento sobre as críticas de pessoas que estão seguindo a quarentena sem sair de casa, ela respondeu que “manda para aquele lugar”.
Desde as primeiras horas da manhã, agentes da Guarda Municipal abordavam pessoas que estavam nas areias e solicitavam que elas saíssem. “Ninguém resistiu a sair da areia, mas, andam alguns metros e sentam novamente. A nossa ação é de conscientização. Muitos estão nas areias sem usar máscara, que é um item obrigatório em qualquer lugar da cidade”, explicou um agente. Além de abordar as pessoas, ele retirava dúvidas, como o de um senhor, que perguntou se poderia ficar na Pedra do Arpoador. “Na pedra, com máscara, você pode”, respondeu.
Em Ipanema, uma das pessoas que foi abordada, saiu do local em que estava, e voltou a sentar em outro lugar da praia, foi a estudante Daiane de Lima, 18 anos. “Acho besteira você se aglomerar no calçadão e não na areia. Acho que não tem diferença. (…) A gente perguntou se poderia ficar sentado perto da água, que a gente ficaria indo e voltando pra água. Ele (guarda municipal) falou que não. Que era água e calçadão. Então, a gente resolveu vir pra cá (praia do Diabo, ao lado do Arpoador). Eu nem botei a máscara, acho desnecessário, aqui é um lugar de ar”, disse.
Fugindo dos pontos mais cheios, Márcia Mendes, moradora de Duque de Caxias, brincava com a filha de 8 anos na água. “Trabalho como babá no Leblon. Minha patroa manda um carro me buscar em casa. Hoje vim para a praia porque não dá para ficar só em casa. O metrô estava vazio”, explicou.
Um grupo de moradores de Paracambi, Baixada Fluminense, se divertia, sem máscaras, na corda bamba do skyline. “A gente veio curtir. Adoramos praia. Mas evitamos a aglomeração com outras pessoas, estamos aqui em grupo”, disse Diego de Paulo, 27 anos, que praticava alguns mortais com o filho.
Entre a aglomeração, um cadeirante entrava no mar pela primeira vez. “É muito bom. A prefeitura deveria se preocupar mais com a acessibilidade. No metrô a rampa não funcionou. Aqui, não tem esteira do calçadão para a água. Mas estou adorando, não imaginava essa sensação da praia. Agradeço aos amigos que me trouxeram”, afirmou Cláudio Freitas, de 55 anos, morador de Anchieta, Zona Norte.
O Dia
RANOTÍCIAS