E seguem os escândalos políticos eleitorais, dessa vez, na Capital do Rio

Eduardo Paes, em entrevista no dia 26 de outubro de 2018

Eduardo Paes, em entrevista no dia 26 de outubro de 2018 Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) cumpriu mandado de busca e apreensão na casa do ex-prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, na manhã desta terça-feira. O mandado foi expedido pelo juiz Flávio Itabaiana Nicolau, que aceitou a denúncia contra Paes e outros quatro investigados pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc) junto à 204ª Zona Eleitoral. Eles são suspeitos dos crimes de corrupção, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Agentes do MP-RJ estiveram na casa de Paes e, por volta das 7h30, saíram com documentos. A ação aconteceu a pouco mais de dois meses do primeiro turno das eleições municipais, marcado para 15 de novembro. Paes teve sua candidatura oficializada na semana passada à prefeitura do Rio pelo partido Democratas.

Em nota, a assessoria de Paes afirmou que o ex-prefeito está “indignado” que tenha sido alvo de uma ação de busca e apreensão “numa tentativa clara de interferência do processo eleitoral – da mesma forma que ocorreu em 2018 nas eleições para o governo do estado” e que “a defesa sequer teve acesso aos termos da denúncia” para se pronunciar. Mesmo réu no processo, Paes poderá disputar a eleição uma vez que ainda não foi julgado.

Ex-prefeito Eduardo Paes é intimado em casa pela Justiça EleitoralA denúncia do MP-RJ sustenta que Paes teria recebido da Odebrecht aproximadamente R$ 10,8 milhões para financiar sua campanha de reeleição em 2012 por meio de caixa 2. Além do ex-prefeito, foram denunciados o deputado federal Pedro Paulo e os empresários Benedicto Barbosa da Silva Junior, Leandro Andrade Azevedo, o marqueteiro Renato Pereira e Eduardo Bandeira Villela ligados à agência de publicidade Prole.

Segundo a colunista Bela Megale, o MP-RJ rastreou 18 entregas em dinheiro vivo a marqueteiros do ex-prefeito totalizando o repasse de R$ 10,8 milhões para sua campanha de reeleição, em 2012. Os repasses, via caixa dois, foram feitos entre junho e setembro de 2012 pela Odebrecht.

Para os procuradores, o deputado Pedro Paulo, que era o coordenador da campanha à época, “encarregou-se de gerenciar o recebimento da vantagem indevida, especificando a forma como seria destinada e indicando os responsáveis por sua arrecadação”.

“Uso político de instrumentos da Justiça para interferir na eleição. Não nos intimidarão. Ao ter acesso ao conteúdo da denúncia, farei a minha defesa no processo”, diz nota do deputado Pedro Paulo.

O MP afirma que, além das delações, a prática dos crimes é confirmada por “grande volume de provas obtidas de fontes independentes” como guias de transporte de valores e declarações de cinco funcionários da transportadora de valores Trans-Expert que teriam confirmado as entregas de dinheiro em espécie realizadas pela Odebrecht à agência de publicidade Prole, responsável pela campanha de Paes em 2012.

A denúncia é um desmembramento de um inquérito instaurado em abril de 2017 no Supremo Tribunal Federal (STF) para apuração dos crimes de corrupção passiva e corrupção ativa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, supostamente praticados nas campanhas eleitorais de 2010, 2012 e 2014, por Paes e Pedro Paulo, com base nas delações de executivos da Odebrecht. Em 13 de março de 2019, ao julgar um recurso, ficou decidido que apenas os fatos relatados sobre a campanha de 2014 ficariam na Corte. Assim, os demais fatos relatados e relativos a 2010 e 2012 foram declinados para a primeira instância no Rio de Janeiro.

No entanto, a cópia integral dos autos levou quase um ano para chegar ao Tribunal Regional Eleitoral. Os documentos só chegaram ao Rio em fevereiro deste ano, e o caso só foi distribuído para a 204ª Zona Eleitoral em 7 de maio deste ano. Por isso, a atuação do MP-RJ ocorreu apenas nos últimos quatro meses. Na denúncia, os promotores do MP-RJ afirmam que ao longo de quase três anos nenhuma diligência tinha sido feita no caso anteriormente.

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