Delegado se choca com grau de sadismo de alemão dono de estúdio de pornografia infantil
Klaus Berno Fischer, de 73 anos, foi preso pela
polícia na Zona Oeste do Rio. Ele levava crianças
para local macabro, onde elas eram abusadas.
Rio – O alemão Klaus Berno Fischer, de 73 anos, suspeito de manter um estúdio para produção de pornografia infantil em Santíssimo, Zona Oeste do Rio, foi preso na noite desta quinta-feira. Em entrevista ao DIA, o delegado Luis Maurício Armond, da 35ª DP (Campo Grande), falou sobre o caso e afirmou que nunca viu nada parecido durante os 20 anos que trabalha na polícia.
“Quando você entra na casa tem uma cozinha, um banheiro e ai acaba a normalidade. Tem uma sala pintada todo de fosco, para evitar reflexos, vidros lacrados, têm jogos de luzes. E dentro dessa área tem um cômodo principal com instrumentos de informática. Com HDs, diversos computadores”, afirmou o delegado.
Um cofre foi achado pelos agentes com mais HDs e materiais de pornografia infantil. Armand também falou que no local havia paredes falsas, que escondiam diversos tipos de materiais. Além dos equipamentos de informática, foram encontrados diversos produtos sexuais, como vibradores, alargadores anais, amarras, óleos e remédios estimulantes. No espaço também havia uma roldana para pendurar as vítimas. Bisnagas de milho e bananas foram encontradas.
O local também continha cenários, que contavam com objetos infantis, como gangorras, balanço, simuladores de festas. Foram encontradas diversas fantasias, perucas, que eram utilizadas com objetivo de sensualização, roupas, acessórios em geral e aparelhos de barbear para depilar os pelos pubianos das vítimas, para aparentarem serem ainda mais jovens nos vídeos gravados por Klaus.
Um dos cômodos usados para a gravação dos vídeos era um banheiro que possui um chuveiro duplo, um dos cenários onde as vítimas praticavam os atos sexuais. Klaus também abusava sexualmente de algumas crianças, contudo o principal foco eram os vídeos.
O delegado ressaltou que nunca viu nada parecido em todo seu tempo na Polícia Civil. E contou que os agentes também ficaram impressionados com o que foi encontrado.
“Era uma coisa bizarra. Nunca vi isso em 20 anos de polícia. Já presenciei muitos casos de abuso infantil, mas não com esse requinte de sadismo”, afirmou.
Alemão
Klaus Berno Fischer, de 73 anos, nasceu em Berlim, e frequenta o Brasil desde a década de 80. Segundo as investigações, ele teria dois ou três filhos residentes na Alemanha e teria se separado da mulher por conta da família não concordar com as atitudes de Berno.
Ele possuiu residências nos bairros de Santa Teresa, na área Central e Copacabana, na Zona Sul. Além de uma agência de turismo também no bairro da Zona Sul e há suspeitas que a empresa era utilizada para a prática de turismo sexual e pedofilia.
Investigação
Klaus também participava de bailes funks na comunidade Cavalo de Aço, próximo ao estúdio. Em alguns casos ele prometia roupas e presentes aos jovens. O delegado também afirmou que uma mulher levava as vítimas de moto para o estúdio.
Armand afirmou que o alemão utilizava da deep web para divulgar os vídeos e aloca o espaço por tempo de execução do vídeo. Ele era conhecido como “Tio Klaus”, dando uma conotação infantil para expor as gravações das vítimas. Ainda não há informações de como o criminoso lucrava.
Os materiais apreendidos dentro do estúdio serão analisados pela Polícia Civil. Segundo o delegado, não há como comprovar que ele agia sozinho no local, mas a posição dos tripés das câmeras indica que sim. Também não há informações se ele editava os vídeos sozinhos ou encaminhava para alguém.
Há uma investigação para apurar a ligação de dois alemães e um brasileiro que têm contato direto com Klaus e possivelmente estavam cientes do esquema.
Prisão
Na casa, foi encontrada uma saída com uma escada de concreto, possível local por onde Klaus tenha fugido quando os agentes da Polícia Civil chegaram. Berno fugiu e foi considerado foragido nesta quinta-feira.
À noite, ele foi encontrado com ferimentos no rosto, em um sítio em Seropédica, na Baixada Fluminense. Segundo o delegado, o homem foi pego por pessoas, que o amarraram em um local ermo, e ao conseguir se soltar, Klaus caiu e se feriu no rosto. Quando ele foi encontrado pela polícia, não resistiu a prisão e recebeu atendimento médico.
Ele prestou depoimento ontem, mas Armand afirmou que ele não “está falando coisa com coisa e não quer falar muito”. Klaus foi encaminhado para o Secretaria Penitenciária, onde será encaminhado para o presídio.
*estagiária sob supervisão de Cadu Bruno
Por Luísa Bertola*
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