Secretário municipal de Campos que precisou ser internado com Covid-19, relata o drama vivido na luta pela vida
Secretário municipal de Gestão Pública, Raphael Petersen, conhecido como Tijolo, foi uma das 2.766 pessoas infectadas pela Covid-19 em Campos até o último domingo (26). Recuperado desde o dia 14 de julho, Raphael chegou a ficar internado, com comprometimento de 25% dos pulmões, e relatou que temeu entrar para outra estatística: a que contabiliza 177 vidas perdidas para a pandemia.
— Eu estava tomando todas as precauções possíveis para evitar o contágio. Era máscara, álcool em casa, no trabalho, no carro e onde eu ia, mas, infelizmente, não foram suficientes para evitar. Eu fiz um teste rápido que deu negativo, mas comecei a ter mais sintomas e decidi ficar em casa me isolar da minha esposa e do meu filho. Com o passar dos dias, fiquei pior, perdi paladar e olfato e senti os pulmões queimarem e gelarem quase que simultaneamente. Já tinha “certeza” que estava com Covid — relatou o secretário, que fez um novo teste PCR. Porém, como o resultado demoraria para sair, ele acabou se internando em um hospital particular.
— A tomografia deu que os pulmões estavam comprometidos em torno de 25% e algumas taxas estavam alteradas. Decidiram me internar naquele dia mesmo e me colocaram em leito clínico. E aí que começa o drama. Depois da internação você começa a pensar sobre a doença, sobre as vítimas, sobre quem não sobreviveu. A doença quase vira um detalhe perto do aspecto psicológico. Os dois primeiros dias foram horríveis. Pensei que iriam me entubar e temi pelo pior. Minha saturação ficou abaixo de 90 e tive que ficar no oxigênio. Foi o momento mais difícil! Realmente pensei que seria uma das vítimas do Covid, até mesmo pela questão das comorbidades que tenho.
Tijolo disse, ainda, que a partir de então, o tratamento começou a fazer efeito e seu estado de saúde foi melhorando. “E foi a partir dali que o ‘milagre’ começou. Fui melhorando com o passar dos dias, me alimentando melhor e fazendo fisioterapia respiratória. Foram dez dias internados em que repensei muito a vida, as escolhas e o que tenho que fazer para viver mais e melhor. A Covid está longe de ser uma ‘gripezinha’ e confesso não saber como sobrevivi, sendo obeso, hipertenso e diabético. Só Deus mesmo”.
Mesmo após se recuperar do coronavírus, o secretário diz que ainda enfrenta dificuldades para respirar e outros problemas por causa da doença. “Hoje, estou curado e já não corro risco de transmitir o vírus, mas sigo tomando cuidados, até mesmo porque o efeito do vírus vai demorar a passar. Sinto falta de ar, dificuldades para respirar e uma fadiga em qualquer caminhada ou subir escadas. O tratamento continua com medicamentos e exercícios respiratórios. Voltar para casa, reencontrar minha família, meu filho de quatro meses, foi uma emoção sem igual. A doença me fez lembrar porque preciso de saúde”.
Por fim, Raphael deixou um recado para que as pessoas possam se cuidar e evitar a proliferação da Covid-19. “Gostaria de pedir para as pessoas se cuidarem, não baixarem a guarda para o vírus e pensarem no próximo. Não desejo que ninguém passe pelo que passei e que tudo isso logo fique para trás”.
por Aldir Sales
Folha 1
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