Pagamento de auxílio emergencial provoca longas filas em agências bancárias de Campos
O governo começa a pagar a partir dessa terça-feira (14) uma nova etapa de pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 para integrantes do Cadastro Único (CadÚnico) e beneficiários do Bolsa Família. Em Campos, por conta disso, enormes filas são formadas em agências bancárias, contribuindo para a aglomeração de pessoas e a possível proliferação do coronavírus.
Nesta manhã, a fila da Caixa Econômica Federal da rua Tenente Coronel Cardoso (antiga Formosa) chegava a dobrar para a rua Barão do Amazonas, no Centro. No Boulevard Francisco de Paula Carneiro também o movimento era intenso, assim como em agências da Pelinca.
A equipe de reportagem conversou com alguns trabalhadores que solicitaram o benefício e aguardavam nas filas. O trabalhador rural Francisco Alves, de 56 anos, contou que o medo de sair de casa é grande, mas é necessário. “Eu tenho medo de sair de casa porque tem muita gente atrás do auxílio e acabam formando filas muito grandes. É muita gente perto, mas assim como eles, eu também preciso vir. Tento manter a distância, mas é meio difícil” disse.
O auxiliar de fotografia Marlon de Araújo, de 23 anos, também disse que é difícil sair de casa em uma situação como essa. “Eu vim ao banco por conta do auxílio que tenho o direito de pegar, só que está complicado, as pessoas não estão respeitando o distanciamento. Os agentes do banco estão orientando, mas eles não respeitam” contou.
Para a atendente de lanchonete Júlia Rosa, de 21 anos, e o montador de móveis Marcelo Silva, de 30 anos, o comércio precisa voltar, só que as pessoas precisam seguir algumas regras para que a doença não se alastre. “As filas estão enormes. Eu tenho tomado todo cuidado possível, estou morrendo de medo de ficar aqui no meio de tanta gente, mas é necessário. Se as pessoas respeitassem, o comércio poderia até reabrir, na minha opinião” disse Júlia. Segundo Marcelo, o que não pode ocorrer caso o comércio reabra, são as filas desorganizadas que estão nos bancos. “O comércio já ficou parado por muito tempo. É claro que não é uma situação comum, uma situação única no mundo, só que isso acaba refletindo no empresário e acaba refletindo no trabalhador que depende do empresário. O comércio poderia abrir meio expediente, mas as pessoas devem tomar seus devidos cuidados” finalizou Marcelo.
O desempregado Willian Freitas, de 38 anos, contou que a situação no momento dessa pandemia é complicada e por isso apoia que todos fiquem em casa. “É difícil essa situação porque a doença é contagiosa, as pessoas deveriam ficar em casa para a doença não se alastrar. Eu tenho saído poucas vezes de casa, até porque a minha mãe tem mais de 70 anos e é do grupo de risco. Tive que vir hoje para pegar o auxílio” disse.
Também desempregadas, a venezuelana Nanci Isquiel, de 73 anos, e Márcia de Fátima, de 57, relataram medo da aglomeração nas ruas, mas disseram haver necessidade no recebimento do benefício, já que não estão trabalhando. “Preciso do auxílio porque não estou trabalhando e tenho filhas que trabalham, mas não estão trabalhando devido à pandemia. Precisamos ficar em casa para eliminar a bactéria e eu fico em casa, só sai hoje porque preciso do benefício” disse Nanci. Para Márcia, quanto mais tempo as pessoas ficarem em casa, mais rápido isso acaba. “Tenho muito medo de ir à rua, o Centro está muito movimentado. Eu só sai de casa por causa do benefício, preciso dele. As pessoas precisam seguir as orientações e ficarem em casa” finalizou Márcia.
Segundo a Caixa Econômica Federal, cerca de 9,4 milhões de pessoas recebem o auxílio até o final desta semana. A expectativa da Caixa é pagar cerca de R$ 4,7 bilhões até sexta-feira (17) para beneficiários do Bolsa Família e inscritos no Cadastro Único com conta de poupança digital na Caixa ou conta no Banco do Brasil, incluindo o grupo de mulheres chefes de família, que poderão ter direito a R$ 1,2 mil.
Ainda de acordo com a Caixa, cerca de 2,5 milhões de pessoas receberam o auxílio emergencial na quinta-feira (9) e nessa segunga-feira (13), num total de R$ 1,5 bilhão.
O banco divulgou um novo calendário de pagamento da primeira parcela a esse grupo:
Terça-feira (14): crédito para 831.013 pessoas, das quais 273.178 com conta no Banco do Brasil e 557.835 trabalhadores nascidos em janeiro que serão pagos com poupança digital da Caixa a partir do meio-dia;
Quarta-feira (15): crédito pela poupança digital para 1.635.291 pessoas nascidas em fevereiro, março e abril;
Quinta-feira (16): crédito pela poupança digital para 2.282.321 pessoas nascidas em maio, junho, julho e agosto;
Sexta-feira (17): crédito pela 1.958.268 poupança digital para pessoas nascidas em setembro, outubro, novembro e dezembro
A segunda parcela será paga entre 27 e 30 de abril, dependendo do mês de nascimento do beneficiário.
Saque em dinheiro começa no dia 27 de abril
O auxílio emergencial começará a ser sacado em dinheiro no próximo dia 27. A Caixa Econômica Federal, responsável pelos pagamentos, anunciou o novo calendário na noite dessa segunda-feira (13).
Os saques ocorrerão conforme o mês de nascimento do beneficiário. As retiradas ocorrerão no dia 27 para os nascidos em janeiro e fevereiro, no dia 28 para os nascidos em março e abril, 29 para os nascidos em maio e junho, 30 para os nascidos em julho e agosto. Em maio, será a vez de os nascidos em setembro e outubro sacarem o benefício no dia 4; e os nascidos em novembro e dezembro, no dia 5.
O dinheiro poderá ser retirado sem a necessidade de cartão em casas lotéricas, caso elas estejam abertas, e em caixas eletrônicos. A Caixa ressalta que não é necessário retirar o dinheiro porque o dinheiro depositado na poupança digital pode ser movimentado por meio do aplicativo Caixa Tem, para pagamento de boletos e contas domésticas e para transferências ilimitadas para contas da Caixa, permitindo até transferências mensais gratuitas para outros bancos nos próximos 90 dias.
Maria Laura Gomes
Folha 1
RANOTÍCIAS