Casal de namoradas muda discurso sobre assassinatos orquestrados supostamente por elas
Namoradas acusam comparsas de terem matado família no ABC
após eles falarem os nomes delas durante roubo.
Em novo depoimento na quarta-feira (5), mulheres confessaram envolvimento no
roubo, mas negaram participação nos assassinatos da família. Cinco suspeitos estão
presos.
As mulheres presas suspeitas pelo assassinato dos pais e do irmão de uma delas no ABC Paulista acusaram seus comparsas de terem matado a família depois que eles disseram os nomes delas durante assalto à residência das vítimas.
Ao todo, cinco pessoas estão presas pelo crime. A polícia ainda procura um sexto suspeito do crime.
De acordo com as namoradas Carina Abreu e Anaflávia Gonçalves, que é filha vítimas, elas ajudaram a programar o crime no dia 27 de janeiro em Santo André, mas não participaram das mortes.
Os corpos do casal de empresários Romuyuki e Flaviana Gonçalves e do filho deles, o adolescente Juan Victor, foram encontrados carbonizados no porta-mala do carro da família, no dia seguinte, em São Bernardo do Campo. Segundo laudo pericial, as vítimas foram mortas com com golpes na cabeça.
Versão de um dos presos
Nesta quarta-feira (5), as duas deram a terceira versão diferente para o crime após o primo de Carina, Juliano Júnior, que também está preso, acusar ela e Anaflávia de terem participado do roubo e do assassinato. Ainda segundo ele, as namoradas concordaram em matar a família depois que não foram encontrados R$ 85 mil no cofre da casa. E que foi Carina quem asfixiou e matou sozinha o casal e o adolescente.
Guilherme Silva e Michael Anjos também estão presos por suspeita de envolvimento no crime. O nome do sexto suspeito procurado não foi divulgado.
Romuyuki, Flaviana e Juan foram encontrados carbonizados no ABC — Foto: Reprodução/TV Globo
Versão das namoradas
Segundo policiais que acompanharam os depoimentos, Carina e Anaflávia contaram que “a situação fugiu do controle após uma discussão” entre o grupo criminoso dentro da casa da família.
De acordo com a investigação, os cinco criminosos planejaram roubar os R$ 85 mil que estariam no cofre da residência. Para isso, usaram uma arma para simular render também Carina e Anaflávia, além dos pais e irmão dela.
Mas como o dinheiro não estava no cofre, os três homens ficaram agressivos e começaram a bater em Romuyuki, Flaviana e Juan, segundo relato das namoradas. Em seguida, decidiram roubar uma TV, um videogame e R$ 8 mil em dinheiro das vítimas.
Ainda segundo as fontes, Carina contou que um dos homens “agiu com violência contra Anaflávia” e, por esse motivo, ela resolveu interferir.
Com isso, os três se exaltaram mais ainda e acabaram falando os nomes das duas namoradas na frente do casal de empresários e do adolescente.
Depois disso, ainda segundo o depoimento de Carina, os três homens resolveram “executar” o pai e o irmão caçula de Anaflávia. Os assassinatos teriam sido cometidos na casa da família em Santo André.
Ainda na quarta-feira a polícia apreendeu um carro que poderia ter sido usado no crime. A investigação também analisou câmeras de segurança de um posto de combustíveis, que mostra a chegada do grupo em dois carros. A quadrilha comprou combustível para queimar o automóvel da família com as vítimas dentro.
Como foram encontrados sangue na casa da família
e nas roupas de Anaflávia, foram pedidos exames para saber de quem ele é. Os resultados ainda não ficaram prontos.
Quem eram as vítimas
- Romuyuki Veras Gonçalves – empresário prestador de serviços de uma montadora; segundo informações iniciais da Polícia Civil, tinha 43 anos
- Flaviana de Meneses Gonçalves – mulher de Romuyuki, era proprietária de duas perfumarias; segundo informações iniciais da Polícia Civil, tinha 40 anos
- Juan Victor Gonçalves – filho do casal Romuyki e Flaviana; segundo informações iniciais da Polícia Civil, tinha 15 anos
Carina Ramos e Ana Flávia Gonçalves são investigadas por suspeita de participação no crime no ABC — Foto: Reprodução/Redes sociais
Quem são os suspeitos do crime
- Anaflávia Martins Meneses Gonçalves, de 24 anos – filha do casal Flaviana e Romuyuki e irmã de Juan Victor, está detida no 7º Distrito Policial (DP) desde 29 de janeiro. Após negar o crime, ela confessou envolvimento no roubo, mas negou ter participado das mortes
- Carina Ramos de Abreu, de 26 anos – namorada de Anaflávia há 2 anos, também está detida desde 29 de janeiro. Após negar o crime, ela confessou envolvimento no roubo, mas negou ter participado das mortes
- Juliano de Oliveira Ramos Júnior, de 22 anos – primo de Carina, foi detido em 3 de fevereiro e está em uma cadeia para presos provisórios em São Caetano do Sul; em depoimento, confessou envolvimento nas mortes e acusou de participação tanto Anaflávia quanto Carina. Juliano tem passagem por roubo
- Guilherme Ramos da Silva – comparsa citado em depoimento por Juliano, também é conhecido como Lipe ou Massa, segundo a polícia; está preso
- Michael Robert dos Santos dos Anjos – comparsa citado em depoimento por Juliano, também conhecido como Marco, segundo a polícia; está preso
- Sexto suspeito – Até a última atualização dessa reportagem, a polícia tentava identificar quem é
Por Sabina Simonato e Kleber Tomaz, Jornal Hoje e G1 SP