Megaoperação mira 45 envolvidos com a milícia de Rio das Pedras no Rio de Janeiro

Policiais civis da delegacia da Barra e PMs dos batalhões de Jacarepaguá e Recreio

dos Bandeirantes estão entre os alvos da ação.

Ação envolve várias delegacias especializadas

Ação envolve várias delegacias especializadas – Reprodução / Internet
Rio – A Polícia Civil e o Ministério Público estadual (MPRJ) fazem, desde as primeiras horas da manhã desta quinta-feira, uma megaoperação contra a milícia que age em Rio das Pedras, Muzema e região, na Zona Oeste do Rio. Na operação Os Intocáveis II, como foi batizada, os agentes pretendem cumprir 45 mandados de prisão e de busca e apreensão, expedidos pela 1ª Vara Criminal Especializada da Comarca da Capital.
Dentre os procurados, estão policiais civis da 16ª DP (Barra da Tijuca) e PMs do 18º e 31º BPM (Jacarepaguá e Recreio dos Bandeirantes, respectivamente). O servidor público Joailton de Oliveira Guimarães, da Fundação Parques e Jardins, também é um dos alvos da operação.
Joailton foi denunciado por ter solicitado vantagem indevida, através de ajuda financeira, a Murad Muhamad, para agilizar o andamento de um procedimento administrativo de interesse do também denunciado.
Até o momento, há pelo menos 31 presos, até em outros estados. Dentre eles, estão o chefe de Investigação da delegacia da Barra, o inspetor Jorge Luiz Camilo Alves; e o sargento da PM Francisco Valentim de Souza Júnior, que é lotado no batalhão do Recreio. Outros dois policiais militares e mais dois inspetores também estão dentre os capturados.
Além da prisão preventiva dos policiais investigados, o MPRJ também solicitou à Justiça que eles tenham suspendidos o porte de arma e suas funções.
Ministério Público do Piauí também ajuda na operação, já que quatro denunciados estariam morando no estado nordestino.
Os 45 alvos da operação:
1. Jorge Luiz Camillo Alves: policial civil, chefe de Investigação da 16ª DP (PRESO)
2. Francisco Valentim de Souza Júnior: sargento da PM, lotado no 31º BPM (PRESO)
3. Epaminondas Queiroz de Medeiros Júnior, o Capitão Queiroz: um dos chefes da milícia
4. Dalmir Pereira Barbosa: ex-sargento da PM, um dos chefes da milícia
5. Paulo Eduardo da Silva Azevedo, o Bigode: ex-PM, um dos chefes da milícia
6. Joailton de Oliveira Guimarães: Servidor da Fundação Parques e Jardins
7. Antonio José Carneiro de Carvalho Lacerda

8. Douglas Rodrigues Moreira

9. Wagner Ignacio

10. Fabio Costa da Silva

11. Alex Fabiano Costa de Abreu

12. Durval de Souza Teixeira

13. Wesley da Silva Rodrigues

14. Alex Batista dos Santos

15. Antônio Narcelio Silva da Costa

16. Ramon Costa dos Santos

17. Lucas de Souza Mattos

18. Marcus Vinicius Azevedo Ramalho

19. Rodrigo Vassali Dutra

20. Antonia Cardoso Almeida

21. Rodrigo Rodrigues Fonseca

22. Caio Fernando Costa de Oliveira

23. Erileide Barbosa da Rocha

24. Adginaldo dos Santos

25. Charles Marques Basílio Gomes

26. Isamar Moura

27. Francisco das Chagas de Brito Castro

28. Walter Alves de Brito

29. Raelson Vieira Brito

30. Josiana Sousa da Silva

31. Fernando Braga Ribeiro

32. Celso Moura Ferreira

33. Carla Alexandra da Fonseca De Araújo

34. Bruno Leonardo Fonseca Teixeira

35. Francisco Francinário Bezerra

36. Higor Alberto Rufino

37. Tereza Paula Silva Felipe

38. Rafael Jesus de Oliveira

39. Uendson Conceição Batista

40. Murad Mohamad

41. Omar Mohamad

42. Geová Fidelis Soares

43. Daniel Alves de Souza

44. Bruno Pupe Cancella

45. Antonio Rondynele Silva Souza

Helicóptero da Polícia Civil dá apoio à ação – Reprodução / Internet
DIVERSOS CRIMES
De acordo com o Ministério Público, a organização criminosa age na região desde 5 de junho de 2014 e é liderada por Dalmir Pereira BarbosaPaulo Eduardo da Silva Azevedo e Epaminondas Queiroz de Medeiros Júnior, conhecido como Capitão Queiroz. O grupo é investigado pelos seguintes crimes:
. Grilagem
. Construção, venda e locação ilegais de imóveis
. Posse e porte ilegal de arma de fogo
. Extorsão de moradores e comerciantes com a cobrança de taxas mediante “serviços” prestados
. Ocultação de bens adquiridos com participação de “laranjas”
. Pagamento de propina a agentes públicos
. Agiotagem
. Utilização de ligações clandestinas de água e energia nos empreendimentos imobiliários ilegalmente construídos
Ainda segundo o MPRJ, a quadrilha usa arma de fogo para manter o controle sobre a região, além de contar com a participação de agentes públicos, ativos e inativos, especialmente policiais militares e civis. Com os servidores, os milicianos conseguem informações privilegiadas para manter as atividades ilegais e, assim, aumentarem sua área de atuação, “arvorando-se assim em poder paralelo ao Estado”.
O grupo investigado age através de diferentes núcleos de atuação, dentre eles, a liderança e seus auxiliares diretos, como policial, segurança, financeiro, “laranjas” e imobiliário.
CASO MARIELLE
A operação Os Intocáveis foi realizada no dia 22 de janeiro de 2019, quando 13 pessoas foram denunciadas por formação de organização criminosa em Rio das Pedras e região. A partir da análise de documentos e aparelhos eletrônicos apreendidos na ocasião foi possível identificar a participação dos novos criminosos em crimes praticados pela mesma quadrilha.
As investigações avançaram a partir da análise de celulares apreendidos na Operação Lumerealizada em 12 de março de 2019. Na ocasião, foram presos Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados pelos assassinatos da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes.
O material mostrou uma intensa conversa entre um dos policiais civis denunciados agora, Jorge Luiz Camillo Alves, com Lessa. Em vários trechos dos diálogos, Ronnie se refere ao policial como o Amigo da 16, numa referência à delegacia onde o agente é lotado.
“Daí a importância da apreensão de documentos, agendas, cadernos de anotações, telefones celulares, notebooks, computadores, dispositivos de armazenamento como pendrives, HDs externos e cartões de memória, com a quebra do sigilo de dados, para a continuidade das investigações”, diz trechos da denúncia.
VÁRIAS ESPECIALIZADAS
A ação de hoje é comandada pelo Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE) e conta com a participação de várias delegacias e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). Um helicóptero da polícia dá cobertura aos agentes.
Por ANDERSON JUSTINO e RAI AQUINO

O Dia

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