Irã: autoridades usam balas reais contra manifestantes
“Após traumas nacionais sucessivos em curto período de tempo, as pessoas devem poder expressar o luto e exigir responsabilidades em segurança”, disse o diretor executivo da organização não governamental (ONG) Centro para os Direitos Humanos no Irã, com sede em Nova Iorque.
“Os iranianos não deviam ter de arriscar a vida para exercer o direito constitucional de se reunir pacificamente”, acrescentou a ONG.
Vídeos enviados à organização e posteriormente analisados pela AP mostram uma multidão correndo, depois de uma granada de gás lacrimogêneo atingir os manifestantes.
As pessoas tossem e espirram enquanto tentam escapar, com uma mulher a gritar, em farsi: “Eles dispararam gás lacrimogêneo contra as pessoas! Praça Azadi. Morte ao ditador!”.
Outro vídeo mostra uma mulher sendo carregada, em meio a marcas de sangue no chão. Pessoas ao seu redor gritavam que ela foi baleada na perna.
“Ela sangra sem parar!”, disse uma pessoa.
Fotos e vídeos após o incidente mostram poças de sangue na calçada.
A Polícia antimotim, com uniformes e capacetes pretos, reuniram-se na Praça Vali-e Asr, na Universidade de Teerã, e em outros pontos da capital.
Membros da Guarda da Revolução patrulhavam a cidade em motos, e outras forças da segurança à paisana também foram mobilizados para as ruas. As pessoas olhavam para baixo, enquanto passavam rapidamente pela polícia, aparentemente para tentar não chamar a atenção.
Na quarta-feira (8), a queda do avião ucraniano, abatido por um míssil, causou a morte de todas as 176 pessoas que se encontravam a bordo, a maioria iranianas e canadenses.
Inicialmente, as autoridades iranianas negaram qualquer culpa das Forças Armadas no acidente. Após três dias, o Irã admitiu que o avião foi derrubado acidentalmente, diante das crescentes provas e acusações apresentadas por vários líderes ocidentais.
*Emissora pública de televisão de Portugal
Por RTP* Teerã
EBC