Governo pede calma enquanto número de mortos aumenta em manifestações no Iraque
Onda de protestos contra corrupção, falta de empregos e péssimos serviços
públicos já fez 65 vítimas fatais nos últimos três dias.
“É lamentável termos tantas mortes, feridos e destruição. O governo e os políticos não atenderam as demandas da população para que lutassem contra a corrupção e não conseguiram realizar nada. O Parlamento tem a maior responsabilidade pelo que está acontecendo”, diz carta de Sistani lida por um representante durante um sermão nesta sexta.
Por seu lado, o clérigo populista Moqtada al-Sadr, também xiita e que lidera o maior bloco de oposição no Parlamento, ordenou que seus comandados suspendessem a participação na Legislatura até que o governo apresente propostas que melhorem as condições de vida dos iraquianos, num movimento que pode elevar ainda mais a tensão. Um deles, o parlamentar Awad al-Awadi, descreveu os protestos como “uma revolução da fome”.
Em comunicado divulgado na tarde desta sexta, Sadr pediu a renúncia do governo e a realização de novas eleições. “Respeitem o sangue dos iraquianos com a renúncia do governo e se preparem para eleições antecipadas fiscalizadas por monitores internacionais”, diz o texto.
Em pronunciamento na noite desta quinta, Abdul Mahdi prometeu realizado reformas, mas alertou não haver uma “solução mágica” para os problemas do Iraque. Ele também insistiu que a classe política está atenta às demandas e sofrimento do povo:
— Não vivemos em torres de marfim. Andamos entre vocês nas ruas de Bagdá — afirmou.
Ruas estas, porém, que estão se mostrando nada seguras para caminhar nesta sexta-feira, em que sons de tiros puderam ser ouvidos ao longo de todo dia na capital iraquiana. Relatos dão conta de que franco-atiradores — não se sabe se ligados às forças de segurança — estão disparando contra os manifestantes, com um repórter da agência Reuters tendo testemunhado ao menos um ser atingido na cabeça e declarado morto no hospital.
— As promessas de Adel Abdul Mahdi são para enganar o povo, e hoje (sexta) eles estão disparando tiros de verdade contra nós — disse um jovem numa multidão que fugia dos tiros no Centro de Bagdá. — Hoje este era um protesto pacífico. Mas eles montaram estas barricadas e o franco-atirador está lá desde a noite passada.