Vídeo: ossadas de escravos na praia de Manguinhos em São Francisco de Itabapoana

Ossada foi encontrada por moradores de Manguinhos

Ossada foi encontrada por moradores de Manguinhos / V NotíciasA histórica praia de Manguinhos, em São Francisco de Itabapoana, volta a ser notícia. Na tarde desta terça-feira (26), o blog do Carlos Jorge, recebeu fotos e vídeos de ossadas humanas que estão a deriva na praia, arrancadas pela maré de um cemitério de escravos existente na pequena e bela localidade. O cemitério é reconhecido como sítio arqueológico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional- IPHAN.

Notícias de aparecimento de ossadas foram dadas ainda nos anos 70, sendo destaque nos anos seguintes no jornal Monitor Campista, importante veiculo de comunicação da época. Em 2003 as ossadas voltaram a aparecer após uma forte ressaca do mar. Na ocasião arqueólogos do Iphan visitaram o local, recolheram materiais que foram levados para analise no Rio de Janeiro, indicando fortes indícios que as ossadas e objetos encontrados possam ser de escravos.

  ” Por telefone, conversamos com Simone Pedrosa, moradora de Manguinhos e pessoa muito ligada às causas em defesa do Meio Ambiente. Simone então nos auxiliou com material para pesquisa e confirmou que tomou conhecimento do caso na manhã desta terça e ainda informou, que o movimento das marés, de tempos em tempos, alcança a área onde seria o cemitério de escravos e dessa forma acaba removendo ossadas e objetos enterrados no local”, disse Carlos Jorge.
Um pouco da história: 
   Manguinhos foi um importante local de desembarque clandestino de africanos mesmo após 1850, quando foi instituída a Lei Euzébio de Queiroz, que proibiu o tráfico de escravos. Um dos principais traficantes da época era André Gonçalves da Graça que negociava escravos em toda a região.
Em dialogo com antigos moradores do local, descobrimos que os escravos chegavam a costa já cansados e muitos sem vida. Nessas condições eles eram jogados em um mangue que existia em Manguinhos, atualmente tomado pelo mar.
Com o tempo, os traficantes passaram a enterrar os escravos em uma área de restinga, área na qual hoje, o mar segue avançando e descobrindo novas ossadas e pertences dos escravos.
   Além dos traficantes de escravos de São João da Barra, vila à qual pertenciam as praias de Manguinhos e Buena, a região também era utilizada para desembarque de africanos por traficantes de Quissamã, Bom Sucesso, Carapebus e Macaé.
   A história é longa e envolvente e alcança ainda as fazendas São Pedro e Santana, além das históricas localidades, hoje quilombolas de Barrinha e Deserto Feliz. Para quem gosta de história, fica a dica para pesquisa. As imagens foram feitas por moradores de Manguinhos. Agradecemos pela colaboração.
Obs: estranhamente, até o momento, não se tem informação de que nenhum órgão oficial, como a Prefeitura por exemplo ou o próprio Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional- IPHAN, tenham tomado alguma providência quanto ao fato.
RANOTÍCIAS

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