Rio Ururaí transborda em Campos e moradores deixam suas casa
Segundo o coordenador da Defesa Civil Municipal, major Edson Pessanha, o rio Ururaí recebe água da região do Imbé e a previsão é de mais chuvas para a região até domingo (24). Para este sábado (23), a previsão é de 20 milímetros (mm) de chuva e para domingo (24) mais 15 mm. De acordo com a última medição realizada pelo órgão, às 17h desta sexta-feira, o nível do rio chegou a 4.15 metros (m), ultrapassando a cota de transbordo de 3.80m.
“Fizemos a mudança de três famílias, que foram para casas de parentes. Os demais perguntamos se precisavam de apoio e eles falaram que esperariam um pouco mais e caso precisassem acionariam o órgão. O rio Ururaí causa prejuízo, mas ele sobe gradualmente. É diferente da enxurrada que houve em Rio Preto, que é uma coisa súbita e as famílias não têm tempo de salvar muita coisa. Estamos monitorando e realizando quatro medições ao dia”, informou ressaltando que a água sobe rápido, mas demora cerca de um mês para ser drenada, sendo um dos motivos provocados pela vegetação que fecha os canais.
A moradora da rua da Ilha, Fátima Maria de Souza, de 58 anos, contou que o rio começou a invadir as residências na madrugada desta sexta-feira e o volume foi aumentando ao longo do dia, principalmente depois das 13h. “A vizinha que acabou de se mudar para cá teve que deixar a casa. E a situação vai ficar pior porque vem mais água por aí”, disse.
Com os alagamentos, o contato com a água acaba sendo inevitável. Moradores, como Ramires Carvalho, de 36 anos, estão preocupados em contrair doenças, devido à quantidade de caramujos, lacraias e cobras no local. “A preocupação maior é com as crianças. Tenho quatro filhos, de 5, 8, 10 e 15 anos. Todo ano, nesta época, a situação é complicada, mas pelo menos dá para transitar. Desta vez, a água invadiu tudo. Que Deus não deixe chover mais”, ressaltou Ramires.
O vizinho Gabriel da Silva, de 19 anos, ao ver o volume de água invadir seu quintal e chegar à porta, resolveu se antecipar e retirar os eletrodomésticos de casa. Para isso, teve que contar com auxílio de um barco utilizado para pesca. “Vou levar os pertences para a casa de um parente que mora mais próximo ao asfalto. A gente consegue as coisas com muito sacrifício para perder assim”, afirmou.
A moradora Claudinéia Firmino da Cunha, 39 anos, é nascida e criada em Ururaí e contou que os prejuízos causados pelas enchentes são incalculáveis. “A água invadiu a casa dos meus pais e do meu irmão que mora nos fundos. Meu pai sofre de câncer de próstata e está em contato com essa água suja. Estou desde madrugada ajudando eles a retirar os móveis. Na enchente de 2008 eu não tive sequer condições de dar abrigo à minha família e fomos todos morar em uma lojinha da minha tia que estava em construção que fica próximo à parte asfaltada do bairro. Já perdemos cama, móveis de banheiro e de cozinha. Estou muito cansada”, lamentou.
Em caso de emergência, a Defesa Civil Municipal pode ser acionada por meio do telefone: (22) 98175-2512
Por: VIRNA ALENCAR
Folha 1
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