MPRJ e Polícia Civil deflagram operação contra organização criminosa responsável por furto de petróleo no Norte Fluminense

O segundo sargento da Polícia Militar, Paulo Roberto Ramos Júnior, foi detido no Parque Cidade Luz, em Guarus, durante a Operação Sete Capitães, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Delegacia de Defesa de Serviços Delegados (DDSD) da Polícia Civil. A ação cumpriu sete mandados de prisão e 12 mandados de busca e apreensão contra suspeitos de integrarem uma organização criminosa que atuava praticando furtos de petróleo e seus derivados nos municípios de Carapebus, Quissamã e Macaé. O sargento, apontado pelo MP como segurança dos executores e responsável por avisar sobre possíveis operações da PM, foi levado para a 6ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM).

As investigações, que tiveram início há cerca de 10 meses, apontaram que os criminosos localizavam os dutos de petróleo bruto e faziam uma derivação clandestina por onde desviavam o produto da subtração.
De acordo com o delegado Julio da Silva Filho, titular da DDSD, a apuração levantou ainda que a organização fazia, em média, de duas a três retiradas por semana, totalizando cerca de 150 mil litros de petróleo e derivados desviados. As investigações apontam que o petróleo furtado seria enviado em caminhões bitrens, com capacidade para subtrair aproximadamente 50 mil litros, para cidades no estado do Paraná.
De acordo com o MP, a partir da quebra de sigilo bancário e de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, foi possível identificar oito criminosos, dentre eles um policial militar lotado no 32º Batalhão de Polícia Militar (BPM), em Macaé, e dois vigilantes da empresa contratada pela Transpetro para realizar a segurança patrimonial de dutos da Petrobras na região, os quais garantiam que os comparsas praticassem os crimes de furto sem serem incomodados.
No dia 14 de janeiro deste ano, a Transpetro informou que a equipe de segurança do Grupo GPS, empresa contratada pela Petrobras, encontrou uma escavação suspeita em um dos dutos. O mesmo relatório apontou que, no dia 22, a equipe de vigilantes foi abordada por um homem, identificado como Bira, que teria oferecido R$ 1.500,00 para que eles facilitassem a ação.
O homem teria dito que contava com colaboração do Batalhão de Polícia Militar local e com a empresa que prestava serviço de vigilância, antes da GPS. Ainda segundo o relatório do ministério Público, Bira teria feito uma ligação e, em seguida, uma viatura da PM teria ido ao local.
“Assim, tendo em vista que tais fatos indicavam, com veemência, que a ação delituosa vinha ocorrendo sistematicamente naquela região e através de uma organização criminosa, foi requerido ao juízo o deferimento da medida cautelar de interceptação telefônica, a qual foi capaz de identificar os integrantes da organização criminosa, permitindo estabelecer a conduta de cada um deles”, diz o relatório do MP, que especifica a atuação de cada integrante da organização.
“Além da atuação no Rio, apurou-se que um dos locais de destino do petróleo furtado é uma empresa situada no município de Rolândia, no Paraná, a qual também é alvo de busca e apreensão na operação de hoje. O Gaeco do MP do Paraná também presta apoio à operação”, informou o MP.
Os presos vão responder pelos crimes de organização criminosa, contra ordem econômica, furto duplamente qualificado e contra o meio ambiente. “A prática do furto ilegal de combustível além de ser criminosa representa um risco para o meio ambiente e para as pessoas que residem próximo aos locais”, destaca o MP.
Por meio de nota, a assessoria de imprensa da secretaria de Estado de Polícia Militar informou que “nesta terça-feira (5/11), a Corregedoria da Polícia Militar participa, em conjunto com o Ministério Público e Polícia Civil, de uma operação contra organização criminosa responsável por furto de petróleo no Norte Fluminense. Um policial militar foi preso na ação e está sendo encaminhado à Unidade Prisional da PM (UP/Pmerj)”.
 Líderes
– Ubiraci Menezes de Jesus, o Bira: é apontado como responsável pelo recrutamento de Policiais Militares e vigilantes da empresa responsável pela segurança, para facilitar as ações criminosas. Ele foi incluído nas investigações após quebra de sigilo telefônico onde constavam as chamadas no período em que os vigilantes eram cooptados. Os dados enviados pela operadora apontaram que no dia 21 ele ligou para o policial militar Paulo Roberto Ramos Júnior, no mesmo horário, o que incluiu o agente do estado na lista dos investigados de participação no esquema.
Uma ligação no dia 05 de março aponta que Bira foi avisado pelo policial para tirar o pessoal do local de extração porque ele teria recebido um chamado para o lugar.
As investigações apontam que a estrada era monitorada por drones para assegurar a atividade criminosa.
A partir do dia 20 de março, ligações de Bira incluem Franz Dias da Costa, sua esposa, Caroline Fernandes da Costa e Evangelista Raimundo da Luz para aquisição de um gerador e veículos a serem usados em nova ação.
“Os diálogos acima demonstram que “Bira” e “França” são os líderes da organização criminosa, responsáveis pelas tomadas de decisões do bando em relação à realização dos crimes, dos materiais a serem utilizados, dos valores a serem pagos e dos locais e datas dos delitos”, diz nota, que acrescenta ainda que a quebra de sigilo bancário de Bira aponta que ele era responsável pela distribuição de valores aos integrantes da organização.
– Franz dias da Costa, o França: Também apontado como líder da organização, sendo responsável pela parte operacional, sendo responsável pelo financiamento das ações. Ele teria usado a conta da própria mãe para fazer depósitos de altos valores na conta de Bira, que repassava os valores.
O Relatório do MP conta que no dia 04 de setembro, cinco pessoas foram presas em flagrante em Paty do alferes e que, na ocasião, um homem que conduzia um caminhão com 40 mil litros de gasolina confessou a participação no crime e reconheceu Franz, que se apresentou como Fábio e Caroline Fernandes Zamboni.
Contabilidade
– Caroline Fernandes Zamboni, a Carol: companheira de Franz, ela é apontada como responsável pela parte contábil da organização. Por quebra de sigilo telefônico, em um diálogo entre o casal no dia 16 de junho, Franz diz a Carol que precisa que ela faça as contas para ele e que seria melhor os dois juntos para fazerem dinheiro, que no final do ano ele tocaria a vida de outra forma.
Executores
– Evangelista Raimundo da Luz: especialista em perfuração de duto para a instalação de válvulas para a retirada de combustível.
– Rômulo Martins Failace: responsável pelo transporte de outros executores e caminhoneiros até o local de extração para preparar o local.
Seguranças e Informantes
– Celmo de Oliveira Félix e Fernando Luiz Amorim Júnior: Funcionários da empresa de segurança que davam cobertura aos executores do crime.
– Paulo Roberto Ramos Júnior: Oferecia segurança aos executores durante a ação criminosa e avisava da presença de outros policiais não envolvidos no esquema.
Fotos: Alcimar Costa/Osiel Azevedo/ Rede Globo

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