Deputados são chamados de ladrão ao deixarem o presídio onde estavam nesta quinta-feira
Deputados são soltos após decisão da Alerj.
Na porta da cadeia, eles ouviram gritos de ‘safado’ e ‘ladrão’. André
Corrêa (DEM) desabafou e reafirmou inocência: ‘Os humilhados serão
exaltados’.
Marcos Abrahão e Marcus Vinicius Neskau deixam presídio de Bangu 8 — Foto: Rafael Nascimento/TV Globo
Os quatro deputados estaduais presos em Bangu 8, na Zona Oeste do Rio, deixaram o presídio na tarde desta quinta-feira (24), após um imbróglio para definir quem determinaria a libertação.
A soltura foi definida na terça-feira em votação na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), que acabou 39 a 25.
O quinto parlamentar detido é Chiquinho da Mangueira, que já cumpria prisão domiciliar e também não terá que cumprir a medida cautelar.
Libertação aos gritos de ‘ladrão’
Pessoas na porta da penitenciária hostilizaram os parlamentares, com xingamentos como “safado” e “ladrão”.
Ex-secretário do Meio Ambiente e deputado do DEM, André Corrêa, desabafou ao deixar a cadeia.
“Olha só, um ano preso sem ser condenado, sem ter direito a julgamento, sem sequer ser ouvido pelo juiz. É muito sofrido, família sofre, mas eu acredito na Justiça, né? E tenho pra mim reputação estraçalhada”.
Acredito é que a Justiça vai ser feita, sou inocente e aqueles que serão humilhados serão exaltados”, afirmou.
Imbróglio jurídico na libertação
O resultado da votação da Alerj foi encaminhado ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), que se recusou a emitir o alvará de soltura por considerar que a decisão foi do Poder Legislativo.
Nesta quinta, a própria Alerj enviou um ofício solicitando a libertação. No início da tarde, a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) disse que cumpriria a medida. Eles foram soltos por volta de 16h30.
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André Corrêa recebe abraço na porta do presídio de Bangu 8 — Foto: Rafael Nascimento/TV Globo
Foram soltos:
- André Correa (DEM),
- Luiz Martins (PDT)
- Marcus Vinicius Neskau (PTB)
- Marcos Abrahão (Avante)
Já estava em prisão domiciliar:
- Chiquinho da Mangueira (PSC)
STF determinou votação
Os deputados foram presos acusados de receber propina do esquema chefiado pelo ex-governador Sergio Cabral em troca de votações favoráveis ao governo na assembleia.
A votação foi determinada pela ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Carmen Lúcia na semana passada.
Ela baseou a decisão em sentença do STF de maio, que entendeu que assembleias estaduais têm o mesmo poder do Congresso de votar se parlamentares que sejam presos devem ser soltos.
Por Pedro Figueiredo, TV Globo