Confronto entre quadrilhas rivais no Chapadão, na Zona Norte do Rio, deixa três mortos e seis feridos
Informação foi confirmada pelo delegado Rodrigo
Barros, da 39ª DP (Pavuna). PM diz que já previa a
ação de tomada de território.
Delegado Rodrigo Barros diz que confronto entre facções no Chapadão deixou um morto e seis feridos — Foto: Henrique Coelho/G1
O confronto entre facções criminosas no Chapadão, na Zona Norte do Rio, deixou pelo menos três mortos e seis feridos. As informações são do delegado Rodrigo Barros, da 39ª DP (Pavuna), e do porta-voz da PM Mauro Fliess.
Segundo a PM, no fim da tarde de quinta-feira (3), criminosos do Comando Vermelho invadiram a Pedreira e a tomaram do Terceiro Comando Puro. O Comando Vermelho é a quadrilha que domina o Chapadão. Dois corpos foram encontrados pelos policiais militares.
“Uma pessoa foi levada pelos familiares para o hospital, mas já chegou morta. Agora pela manhã os PMs entraram na comunidade e encontraram um corpo na Terra Nostra (comunidade na Pedreira) e outro no Chapadão”, diz Fliess.
O confronto apavorou moradores de Costa Barros e afetou linhas de trem e do metrô. Sete ônibus foram queimados. As escolas municipais da região não abriram nesta sexta, segundo a secretaria de educação.
Há relatos de mais mortes, mas as autoridades não confirmam. A polícia trabalha com a hipótese de o tráfico ter sumido com os corpos e aguarda o registro de desaparecidos.
O que se sabe até agora
- Sete ônibus foram incendiados na Avenida Pastor Martin Luther King Jr – as carcaças estavam no mesmo lugar até as 8h45 desta sexta. A viação responsável dizia aguardar a perícia para removê-las.
- Estações do Metrô e da Supervia foram fechadas; às 6h30, a circulação era normal.
- Há registro de um ferido, um soldado do Exército.
PM previa a ação:
“A corporação já tinha dados de inteligência que mostravam uma instabilidade naquele local, com possibilidade de invasão”, explicou o tenente-coronel Mauro Fliess, relações-públicas da PM.
“Já tínhamos um planejamento próprio, que foi ativado tão logo que se deflagrou a instabilidade, com o cerco”, declarou.
A Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), grupo de elite da Polícia Civil, ocupou as localidades da Quitanda e da Lagartixa. Já o Batalhão de Operações Especiais (Bope) programou uma incursão na Pedreira. Demais batalhões de área ajudavam no perímetro.
Pedreira enfraquecida
A polícia diz que o tráfico na Pedreira ficou instável depois da prisão do traficante Raro. O segundo na linha de comando do TCP na comunidade teria abandonado a facção, o que teria facilitado o caminho para a invasão.
O ataque aos ônibus seria uma tática do Comando Vermelho para impedir a chegada de reforços do TCP por Acari.
A Polícia Civil vai falar com moradores e tentar identificar quem invadiu o morro.
Passageiros do MetrôRio aguardaram a reabertura da estação sentados no chão. — Foto: Reprodução/Redes sociais
Metrô, UPA e delegacia serviram de abrigo
A invasão, no fim da tarde, pegou de surpresa quem voltava para casa.
No metrô, a Estação Engenheiro Rubens Paiva fechou as portas duas vezes: das 18h40 às 18h45 e das 19h25 às 20h. Sem poder sair por causa dos tiros, os passageiros se abrigaram no chão.
A UPA de Costa Barros também serviu de refúgio. Um funcionário do posto mandou um áudio para os colegas pedindo que eles não fossem trabalhar.
“Bala tá cantando aqui em frente. Tem bandido pra tudo quanto é lado aqui na porta da UPA. Quem tiver que vir trabalhar agora à noite desiste. Nem tenta entrar. Tá tudo cercado”, alertou.
Outro dos poucos lugares seguros era a Delegacia da Pavuna (39ª DP). Um vídeo mostra quando pessoas entram correndo na unidade e, mais distante, um homem tira uma criança de um carro.
Uma dona de casa de 33 anos, moradora da Pedreira, contou que ficou escondida dentro de casa com os cinco filhos e a sobrinha de 3 anos. Ela disse que ficaram sabendo de duas pessoas baleadas.
“A gente só escutava os tiros, granada. Não ficamos sabendo de mortos. Hoje só tem polícia lá dentro”, afirmou ela. A sobrinha de 3 anos teve que deitar no chão com a família para se proteger dos tiros. “Vou ficar na minha casa, porque a gente não deve nada. A gente só tem medo de bala perdida”, contou.
Por Henrique Coelho, G1 Rio