‘O que aconteceu naquele hospital foi algo desumano’, diz filho de vítima fatal do incêndio no Badim

Emanoel Santos Melo pretende processar o hospital.

Ele diz que foi agredido por bombeiros ao tentar

socorrer a mãe.

Luzia dos Santos Mello

Luzia dos Santos Mello – Arquivo Pessoal
Rio – Por volta das 8h desta sexta-feira parentes das vítimas mortas no incêndio que atingiu o Hospital Badim, localizado no Maracanã, Zona Norte do Rio, começaram a chegar no IML de São Cristóvão, na Região Central da Cidade.
Abalado com a morte da mãe, Luzia Santos Melo, de 88 anos, Emanuel Ricardo dos Santos, de 61, disse que pretende processar o hospital. “O que aconteceu dentro daquele hospital foi algo desumano. Pessoas sendo empurradas umas pela outras. Funcionários despreparados para dar suporte no socorro. Infelizmente perdi minha mãe de uma forma trágica. Vou entrar com um processo contra esse Hospital. O diretor em nada ajudou a gente.”
“Só quem estava lá dentro do hospital sabe o que aconteceu de verdade. O que eles cometeram foi um assassinado em massa. Minha mãe não foi socorrida e morreu por asfixia. Eu a internei em um dia e no outro estava com ela morta. Vou ter que enterrar a mulher que mais amo nessa vida. Eu tenho 61 anos e não preciso mentir sobre o que aconteceu dentro do Badim. Eles precisam pagar por essas vidas que foram perdidas”, completa Emanuel.
“É muito triste você entrar em um hospital com a sua mãe caminhando e ter que sair com ela dentro de um saco preto. Ela deu entrada no hospital apenas por uma determinação do médico e teve que ficar internada”, acrescenta.
Sebastião Claudinho perdeu o irmão, Virgílio Claudino, de 66 anos, que estava internado há 70 dias no Badim em coma devido a um AVC. Sebastião também falou em descaso. “Um absoluto descaso por parte do hospital. Isso que aconteceu foi negligência deles. É muito difícil falar algo nesse momento. Perdi meu irmãozinho mais novo, é uma dor muito forte que estou sentindo”, lamenta.

A irmã de Virgilio, Ivanilda Claudino, também se queixou de falta de assistência durante a noite de ontem. Ela conta que a família resolveu ir ao IML para saber se o parente estava entre as vítimas. “Aqui (no IML) fizeram uma reunião com os parentes. Ontem ficamos sem informação no local. Resolvemos vir hoje aqui ao IML e recebemos agora o atestado de óbito, que aponta embolia maciça. Mas não diz o que de fato causou a morte”, afirmou Ivanil.

Virgílio Claudino da Silva foi uma das vítimas fatais – Arquivo Pessoal
A família da aposentada Maria Alice, de 76 anos, também está no IML. Ela também estava internada no CTI do Badim e sua morte foi confirmada no fim da manhã.
De acordo com a assessoria da Polícia Civil, 10 corpos das vítimas do incêndio foram trazidos para o IML de São Cristóvão. Parentes das vítimas estão sendo atendidos em uma sala preparada para suporte especial. O instituto médico legal montou uma força tarefa para agilizar na identificação das vítimas. Os dez corpos já foram necropsiados e identificados. A identificação está sendo feita por papiloscopia.
O DIA tenta contato com o Hospital Badim.
Em nota, o Corpo de Bombeiros Militar do Rio de Janeiro informa que não há registro de qualquer confusão ou agressão no local do incêndio. De qualquer maneira, uma apuração interna será instaurada para apurar a denúncia. Importante informar que, em um ambiente de desastre, há a necessidade primordial de isolamento da área para que outras pessoas não se tornem novas vítimas e para que o trabalho de resgate seja realizado dentro de todos os protocolos previamente estabelecidos. O Corpo de Bombeiros se solidariza com familiares e amigos das vítimas. É um momento de profunda tristeza para todos.

O DIA

 

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