Justiça manda soltar ex-deputado federal Índio da Costa da prisão
Candidato ao governo do RJ em 2018, Índio foi preso em operação da PF contra fraude nos Correios. Esquema de fraude tinha preço de até R$ 250 mil por mês para cargos altos.
Indio da Costa, candidato do PSD ao governo do RJ — Foto: Marcos Serra Lima/G1
O desembargador federal João Pedro Gebran Neto, da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), concedeu, na tarde desta quinta-feira (12), um habeas corpus ao ex-deputado federal Índio da Costa.
O político foi preso na última sexta-feira (6), durante uma operação da Polícia Federal contra fraude nos Correios. O esquema de fraude tinha repasses de até R$ 250 mil por mês para cargos altos. A prisão do político foi decretada pela 7ª Vara Federal de Florianópolis.
A Justiça determinou que Índio terá que pagar 200 salários mínimos como fiança e precisará entregar o passaporte para deixar a cadeia.
Além do cargo de deputado federal, o empresário e advogado Índio da Costa também foi vereador e secretário municipal em diferentes administrações no Rio.
Índio foi secretário de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação, ao lado do atual prefeito Marcelo Crivella (2017 a 2018), e secretário de Administração na gestão de Cesar Maia, entre 2001 e 2006.
Nas últimas eleições, em 2018, o político concorreu ao governo do RJ.
Índio foi relator de uma comissão especial que ajudou a criar o projeto da Lei da Ficha Limpa, que impede políticos com condenações em segunda instância de disputar cargos nas eleições.
Fraude nos Correios
Segundo a PF, o esquema era coordenado por empresários, funcionários da estatal e agentes públicos. Onze mandados de prisão preventiva foram cumpridos – 9 no Rio e 2 em São Paulo – e um mandado de prisão temporária foi cumprido em Minas Gerais. Os investigadores afirmam que as fraudes causaram um prejuízo de R$ 13 milhões.
A Polícia Federal afirma que a quadrilha negociava até cargos, alguns chegando ao valor de R$ 250 mil. Não foram informados, no entanto, quais seriam esses cargos e qual a relação.
O RJTV apurou que há indícios de que Índio sabia de todo o esquema e seria o padrinho político do superintendente estadual dos Correis no Rio, Cleber Isaías Machado, que também foi preso hoje.
A PF informou que foram detidos agentes dos Correios, empresários e funcionários de empresas que eram utilizadas como “laranjas” pela organização criminosa, de acordo com o delegado Cristian Luz Barth, responsável pela investigação em Santa Catarina.
Segundo ele, pelo menos 10 empresas possuíam contratos com os Correios e participavam do esquema criminoso.
A investigação começou em novembro de 2018, após empresários ligados ao esquema tentarem iniciar a atuação do grupo em Santa Catarina.
No entanto, ele não explicou quais cargos seriam esses e como era conduzida essa parte do esquema. Segundo ele, a investigação está em andamento.
Foram bloqueados R$40 milhões das contas e dos bens dos investigados, incluindo carros de luxo e duas embarcações. O processo corre em sigilo.
O que dizem os Correios
Após a operação da Polícia Federal, os Correios divulgaram a seguinte nota: “Com relação aos mandados cumpridos pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (6), em São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Minas Gerais, os Correios informam que estão colaborando plenamente com as autoridades. A empresa permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos. Os Correios reafirmam o seu compromisso com a ética, a integridade e a transparência”.
Por G1 Rio